O PRESENTE DOS DEUSES
Há muitos e muitos anos, quando os deuses andavam pelas florestas, Guaraci, o Deus do Sol, passava calmamente entre as grandes árvores de uma mata muito bonita. Ele admirava as flores, as frutas, os animais e o verde que se espalhava por todo lugar. Era ali que Guaraci pretendia achar um belo presente à sua amiga Jaci, a Deusa da Lua, que estava de aniversário.
Guaraci encontrou lindas flores e imaginou que Jaci iria adorá-las. Colheu um grande buquê, mas achou que faltava alguma coisa para deixá-lo mais especial. Enquanto ele pensava, apareceu, por ali, um moleque bem pretinho, de uma perna só, usando um gorro vermelho e fumando um cachimbo.
– Quem vem lá? – Perguntou Guaraci.
– Sou o Saci-pererê! As suas ordens!
– Ah! Eu conheço sua fama de espertinho. Tu chegaste à boa hora e vai me ajudar a tornar essas flores ainda mais especiais. São para a minha amiga Jaci.
O menino reconheceu o Deus Guaraci e seus olhinhos brilharam gananciosos.
– Já sei! Transformarei estas flores em um buquê de ouro. Ela vai adorar!
Guaraci concordou e o moleque, em um minuto, transformou em ouro as flores.
O Saci, não se contendo, pediu para segurar o buquê dourado. Quando o pegou, fugiu com ele num pé de vento pela floresta que conhecia muito bem.
Guaraci não acreditou na audácia do Pretinho nem na sua própria ingenuidade. Rapidamente, usou seus poderes e esquentou toda a floresta até que o Saci saiu do seu esconderijo com o buquê. Suava muito. Ao ver-se em apuros, resolveu, para acalmar o Deus do Sol, devolver o presente, dizendo:
– Perdão, meu Senhor! Agi, sem pensar?
Guaraci pegou o buquê e, antes de ir embora, falou:
– Vou poupar a sua vida, mas você terá que plantar um milhão de flores e de árvores para ajudar a natureza.
Moral da história: A confiança e a honestidade são as verdadeiras riquezas.