Segundando... Cuidado Com As "Bondades do Diabo"

Diz a lenda, que de vez em quando existe lá nos quintos dos infernos um certo momento em que o "Capetão-mor" que comanda toda aquela diabólica legião de capetas, costuma reunir em torno de uma enorme caldeira fumegante que está sempre cheia de 'almas penadas' se debatendo desesperadamente em meio a uma borbulhante calda de enxofre derretido, alguns jovens diabinhos para serem por ele enviados para serem iniciados nesta 'difícil e diabólica arte de fazer o mal', sendo que depois de receberem dele uma lista com uma série de maléficas instruções, eles são enviados para os quatro cantos do mundo para poder colocar em prática todas aquelas 'diabólicas diabruras' para que posteriormente, depois de uma rigorosa avaliação do desempenho de cada um ele possa escolher aquele que se saiu melhor, que como premio recebe a grande honra de ter por um bom tempo um seleto lugar bem à esquerda daquele seu tão cobiçado trono infernal...

Só que segundo essa mesma lenda, houve uma certa vez que entre os capetinhas que foram escalados para essa maléfica missão, havia um que era 'muito mal visto' lá no inferno, porque simplesmente ele odiava ter que praticar o mal, tanto que quando o convidavam para isso ele sempre inventava uma desculpa qualquer só para não ter que praticar alguma maldade. E foi certamente por esse motivo que quando com o grupo ele chegou nesse nosso mundo, todos os outros diabinhos já foram escolhendo para si as grandes e turbulentas cidades onde achavam que seria bem mais fácil praticarem as suas maldades, deixando para ele apenas um pequeno e pacato vilarejo onde desde sempre costumava reinar a mais absoluta paz entre os seus moradores...

Acontece que logo assim que chegou àquele pequeno vilarejo, ele subiu até o cume de um pequeno monte para melhor observar o local. Foi quando logo viu que bem no meio de uma pequena e bem arborizada praça havia uma pequena e bem cuidada igrejinha, e então pensou consigo mesmo: "Caramba; é ali que mora o perigo". E ao olhar para uma outra direção ele viu uma pequena estrada de terra batida que ligava aquele vilarejo à área rural, foi quando decidiu que era para lá que ele iria...

E enquanto caminhava tranquilamente por aquela pequena estrada tentando decorar aquela lista de maldades que deveria praticar, ele viu que em um destroço de uma velha carroça estava amarrada uma 'esquelética' vaca, que assim que o viu se aproximando lançou sobre ele um olhar tão sofredor que demonstrava estar ela quase morrendo de fome, sendo que aquele olhar de desespero acabou despertou nele um 'nada diabólico' sentimento de piedade...

E foi então que depois de ter se certificado de que não havia ninguém por perto a observá-lo, ele decidiu quebrar as regras do inferno e 'praticar uma boa ação'; desamarrou aquela vaca para que ela pudesse matar sua fome, o que ela começou logo a fazer quando arrebentando a cerca de uma enorme horta que existia no outro lado da estrada ela saiu pisando, comendo e práticamente destruindo quase tudo o que encontrava pela frente, enquanto que ele seguia caminho como se nada tivesse acontecido...

Só que um conhecido do dono da horta ao passar por ali viu aquilo que estava acontecendo e correu logo para avisá-lo e ele foi logo pegando sua espingarda, e já chegou lá 'metendo bala' na vaca...

Mas aconteceu que quando ele fez isso, passava por ali justamente naquele instante um conhecido do dono da vaca, que quando viu aquela cena foi logo correndo contar tudo para ele, sendo que desta vez foi o dono da vaca que depois de ter confirmado que realmente a sua vaca tinha sido mesmo morta pelo dono da horta, não fez por menos; foi até lá na casa dele e 'meteu bala' ...

Acontece que uma fofoqueira vizinha do dono da horta, quando viu da janela da sua casa esse seu vizinho ser assassinado pelo dono da vaca, foi logo correndo até um barzinho do vilarejo onde o proprietario era justamente o filho desse seu vizinho assassinado, e lhe contou quem fez aquilo com seu pai, e ele também não fez por menos; armou-se com sua pistola, foi até a casa do dono da vaca e 'meteu bala' nele...

Só que um entregador do açougue do vilarejo passava por ali exatamente naquele momento em que o dono da vaca estava sendo assassinado, e como o proprietário do açougue em que trabalhava era justamente o filho daquele homem que acabava de ser assassinado foi correndo avisá-lo que seu pai tinha acabado de ser morto pelo dono do barzinho, sendo que este então também não fez por menos; foi até o barzinho do tal sujeito e 'meteu bala' nele...

E enquanto aqui nesse nosso mundo os parentes e vários amigos deste que era dono do barzinho já se movimentavam, pegando em armas para vingá-lo, entrando assim também nessa 'roda viva da morte' que já estava infernizando a vida de práticamente todos os moradores daquele até então 'pacato vilarejo'; lá no inferno alguém avisava ao "Capetão-mor" sobre o grande sucesso que aquele seu desacreditado capetinha havia conquistado nessa sua 'diabólica missão', sendo que quando ele lhe deu um forte abraço e lhe perguntou como é que ele conseguiu tal façanha, na maior tranquilidade ele lhe respondeu: "Eu não fiz nada demais; apenas soltei a vaquinha"...