A MULA ESTRATÉGICA DE NAPOLEÃO

Vou narrar a lenda de uma guerreira híbrida que impulsionou o caricato Napoleão nas suas guerras. Antes que me chamem de mentiroso, esse conto tem o aval da história.

Coaches curiosos questionaram o Pequeno Cabo sobre sua sorte, ele respondeu: “Dê-me generais de sorte”. Seu golpe de sorte, em biquinho francês coup d’oeil e para Clausewitz descrito como uma súbita visão que mostra qual o curso a ser tomado.

Napoleão gostava da montaria de uma mula. Segundo ingleses, mulas até pintam quadros com pincel na boca. Conhecia que essa espécie era mais inteligente que o cavalo, pois tinha audição apurada, resistência física, longevidade, dispensando ferraduras. Um animal com curso superior disposto a ganhar um salário-mínimo sem reclamar, nem fazer greve.

 Napoleão Bonaparte entra na Academia Militar na cota para bolsista corso aos 17 anos. Donzelo e quebrado nas botas, priorizou sua estabilidade financeira. A audição de sua mula o levou direto à uma casa de gemidos. Dedicou-se aos estudos do EJA (Educação de Jovens Aspirantes) e abreviou a formação em dois anos, pois havia comprado, por merreca, todo o “cabral” da “matetática” artilheira.

Na saída da Academia uma mula o levou, guiado pelo choro, a porta de uma nobre viúva. Napoleão apaixona-se pelo espólio do morto. A mula amuleto tinha o faro melhor que vira-lata faminto. Um dos melhores presentes de casamento foi a quitação das parcelas atrasadas de sua charrete da BMW dividida em quarenta e oito prestações. Quis impressionar a nobreza e foi induzido por uma propaganda boca a boca à época: “BMW prazer em passear”.

Seu golpe de sorte no alpinismo político deu-se na Batalha de Marengo, ao invadir a Península Itálica pelo Norte. Atravessou os Alpes Suíços, sendo que a rota lógica seria abordada pelo Oeste. Nunca ouviu seus abanadores de leque. Reconheceu uma oportunidade e a aproveitou, hoje propalado pelos Doutores da Guerra de papel como análise SWOT (strengths, weaknesses, opportunities and threats)

Após chegar na Itália, teve a revelação que sua estrela guia era quadrúpede, de pelo curto e imprevisível. Casamento Muar.

Suas mulas gostavam das saborosas castanhas, frutos do carvalho, árvore comum nos alpes suíços. Seus cascos duros como marfim, permitiram um deslocamento em regiões íngremes e tortuosas em segurança.

Para comemorar sua cruzada nos Alpes mandou pintar seis telas a óleo. Cinco em diferentes cavalos e um montado em uma mula. Infelizmente, o pintor da mula estratégica era um adolescente biruta e perdeu a obra para um raro português numa aposta de palitinhos. Esse golpista se escondeu em Portugal e pegou carona com o fujão do Dom João VI para o Brasil. Na época, o Português doou o quadro à jovem Leopoldina com a promessa de ser nomeado Desembargador Rural na capital. A obra de arte sumiu junto com as escrituras das terras baianas.  

Povos originários autodeclarados índios acabaram furtando durante uma retomada indígena da fazenda de um proeminente advogado criminalista de Buerarema, no sul da Bahia, em 2014.

Se alguma alma achar esse quadro tenha cuidado com o colecionador. Sabemos que tem uns jumentos que gostam de comer umas burras e acham que conhecem a teoria da probabilidade. Mulas tendem a ser estéreis. Não são. Por isso, pai não é quem cria, é o garanhão que assume o bardoto dos outros.

Estratégia não é só aproveitar as vantagens, mas minimizar os riscos e prevenir as ameaças. Tem o outro lado da moeda mula (5 centavos). Um troco de 20 centavos deu passe livre para eleger vários viciados em internet de LAN house. Filaram aulas na zona leste de São Paulo para jogar FIFA 2013 no Centro. Como a passagem aumentou, revoltaram-se numa manifestação. Falsificaram o jogo FIFA e pensaram que a Copa do Mundo de 2014 seria uma forma de publicidade patrocinada para mudar a versão do jogo. Quase não ia ter copa. Uma jumenta tomou no copo, por isso dívida com mesquinho acaba em confusão.

Napoleão precisou lançar mão da juventude para engrossar o caldo de sua sopa e de suas fileiras. Menores infratores adoravam as tetas das mulas mojadas. Com a produção diária de dois litros, o efeito colateral de tanto leite no caneco foram as dores de pedras nos rins. Idólatras de JOMINI especularam que morreram mais soldados da paz de cálculo renal que de frio na retirada de Moscou.

Os soldados ligeiros não perdiam tempo penteando crinas, tirando self, colocando ferraduras e discutindo a relação. Tinham disposição e vontade de vencer. Dormidos, mamados e aliviados do peso da mochila, eram cumpridores de missão pela pilhagem.

Muares eram de todos e de ninguém. Não eram chamados pelo nome, não eclipsam o montador. Hoje temos cavalos que valem mais que seus donos. Cada cavalo com seu dono.

Dados médios de planejamento informam que a ração para um cavalo alimenta quatro mulas famintas. Se esse azarão for motorizado e gostar de churrascaria, seriam alimentadas mais de meia dúzia de muares.

Cargas de baioneta em assaltos a posições inimigas eram realizadas com muares. Penetravam numa trajetória ascendente os cavalos do inimigo. Mortal para uns, carreteiro aos vencedores.

Napoleão lembrou da vestimenta de metal usada pela cavalaria de Oliver Cromwell, “muito pesada e obsoleta”, pensou e teve uma ideia de como aliviar seus soldados. Do couro de muares confeccionava coletes táticos revestidos internamente com cera de abelha, cerâmica e pó diamantado. Esse material permitiu proteção relativa contra tiros de chumbo dos mosquetes e a criação da mística do Combatente Napoleônico: meio maluco, indisciplinado e quase imortal. Inimigos desertaram e perderam a vontade de lutar quando visualizaram o baixinho liderando seu bando.

Durante essa era foi instituído o serviço militar obrigatório, contudo sem a previsão de anulação da incorporação. Salvo por um veterinário especialista em psicologia animal que criou a Burroterapia. Tratava quase tudo: neurose de guerra, remorso fratricida, prisioneiro de guerra fugido, suicidas arrependidos, viciados em matar e crise de ansiedade. Andavam em círculos nas baias numa cadência lenta para aliviar o stress. Os curados quase sempre desertavam.

Napoleão dividiu sua tropa em pequenos exércitos de valor divisionário: infantaria, cavalaria, artilharia, engenharia e logística. As Leis do modelado foram rabiscadas na era napoleônica pelos tropeiros topógrafos da engenharia acompanhado de espiões. Largaram os muares com uma bússola presa no rabo, sem água ou comida. Guiados pela constelação, extinto de sobrevivência e uma forragem expropriada de cavalos soberbas. Ao identificarem o caminho percorrido pelos muares, tiravam a intersecção a ré com a bússola e localizavam a posição na carta. Essas trilhas serviram de deslocamento da tropa e foram aproveitados para passagem da malha ferroviária da Europa.

Napoleão fez campanha para trocar a cabeça do cavalo pela mula no jogo de xadrez. O movimento executado “um-dois” ou “em L” seria proposto trocar com o movimento do bispo para andar na diagonal, quantas casas quisesse. O bispo lembrou ao Papa que Napoleão o enganara ao se coroar Imperador. Desconfiou que a mula quisesse tomar o lugar do Rei, engabelar a Rainha e mudar as regras do xadrez verbalmente. Batalha perdida.

Os franceses faziam um queijo saboroso com o leite das burras – queijo Pule. Os soldados saquearam as joias, obras de arte e perfumes. Cercavam as cidades invadidas e ofereciam rendição. Alguns soldados vendiam o queijo Pule por quase $100 o quilo. Daí vem a expressão para quem é viciado em correria: “Dê seus Pules”.

Franceses que tinham alergia a lactose ingeriram o leite de burra por ser semelhante ao leite materno, isso reduziu em 80% a alergia. Caiu em desuso porque os intolerantes usam fórmulas milagrosas com muita proteína, pouca gordura e sem lactose.

Devido ao frio intenso a água congelava e como era inviável o banho, o francês produziu perfumes e sabão líquido. Durante a campanha de Napoleão na Síria contra o Império Otomano foi roubada a fórmula para fabricação do sabão, a partir do leite de burra. A Turquia lavou as mãos e diz que só devolve o documento histórico se a França extraditar os imigrantes terroristas ou quebrar a patente dos perfumes.

A sorte de Napoleão muda quando os muares empacam no frio, o teimoso monta no cavalo branco e parte altivo para a Rússia, em 1812. Sem as mulas para lhe relinchar uma saída, encontra Moscou incendiada pela famosa máfia Molotov. Seus assessores lhe oferecem uma vodca com veneno, mas recusa e retira-se com o frio entre as pernas.

Perdeu meu imperador. Exilado na ilha de Elba, não ganhava nem partida de truco no blefe. Ainda teve um suspiro tampão, governou sem nada a temer por cem dias. Saiu na capa da Forbes como investidor de sucesso e revoltou a maré inglesa. Traído por mentores de James Bond, teve seu impeachment aprovado. Gastou todo orçamento secreto francês para subornar carcereiros. A mala secou. Sem dinheiro para comprar a oposição, morreu no pé de Santa Helena entregando tudo.

Até o coveiro fez de seu pênis um chaveiro. Ouvi dizer que o Falo sapeca está nos Estados Unidos fazendo “córsega” numa jovem pensionista.

Isaac Machado Azevedo
Enviado por Isaac Machado Azevedo em 04/10/2022
Reeditado em 11/09/2023
Código do texto: T7619986
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