A Arte, e o novo tempo 20
A Arte, e o novo Tempo 20
Sentou-se ao lado do jovem. Que estava cabisbaixo, depois do inesperado, que foi exaurido no contracenar último, com a queda do menino ao chão.
Segurava o estilingue em meio as pernas. A pedra, ainda estava no " gatilho".
Quem sabe!!...o instinto de defesa estava a sugerir que não baixasse a guarda, muito mais depois do contra-ataque sofrido, executado pelo artista contra si, que o golpeou de inopino, o levando ao chão, imobilizado seu corpo certeiramente.
O protagonista, antecipou o seu sentar ao lado do irmão, com o andar imbuído do natural.
Assim que se acomodou, levou sua mão direita até o avantajado cabelo negro do menino, que reagiu, recuando a cabeça levemente para traz.
Sentindo o toque das mãos do interlocutor, relaxou os músculos do pescoço, aceitando o afago.
O artista, como que recitando versos do Livro Tibetano dos Mortos, fazia seu clamor de avivamento para aquela alma, que no corpo do contemporâneo, estava esquecida de sua condição imortal.
Passou declamar baixinho, acariciando os cabelos do menino, que passou emitir som bochichado, choroso:
---"(Ó), tu que procrastinas, que não pensas na vinda da morte,
Dedicando-te às coisas inúteis da vida,
Imprevidente és tu ao desperdiçares tua grande oportunidade;
Desenganado, com certeza, estará o teu propósito agora que retornar de mãos vazias(desta vida).
Uma vez que o Sagrado Dharma é tido como a tua verdadeira necessidade"( Livro Tibetano dos Mortos, Estudos introdutórios de Carl G. JUNG, lama Anagarika Govinda, Sir John Woodroffe, W.Y. Evans- Wentz, pág.70, editora pensamento, segunda edição 2020, segunda reimpressão 2021)
O artista, encontrando ressonância no olhar do menino, interrompeu o afago nos cabelos do jovem, pegou um lenço que tinha sob seu traje, limpando as lágrimas do interlocutor.
Após, segurou carinhosamente a face do jovem nas mãos, finalizando o versejar:
--"Não te devotarás ao Sagrado Dharma nem mesmo agora?"