A Arte, e o Novo Tempo 10
Era um Vyasa meio que alheio a fazedura desta contemporaneidade. Não mexeria em nem um til do escrito. Somente teria vindo a público falar com o homem artista deste tempo, no estímulo, no cutucar com a vara comprida; a lembrança das atribuições dele enquanto catalizador das coisas do mundo atemporal para a raça.
Mexeria no tacho comum, com a escumadeira do cabo comprido, sugeriria ao ator que expressasse o sentir, que trouxesse à tona a dor e a glória, o horror, o excesso e a falta, a carência, a impotência, e ao mesmo tempo, a opulência e a fartura diante da vida, emergindo a loucura que não teve espaço para emergir, subjacente ao pasmar, ao indignar, ao submetido, à formatação dela pela absurdo daquilo que tudo se tornou.
Questão do Espírito, o Ser na Arte.
A palavra tem vez somente para auxiliar no “ banho maria” do cozido. O preparado mesmo, a verdadeira realidade imanente, não viria a tona. Como sempre foi assim. Somente pela arte a palavra se realizaria como obra.
No enredo, contexto do novo tempo a qual o artista empedernido estava, pedia o estalo, aquilo que o arrebataria do olhar analítico, da vista ofuscada pelos conceitos e pelas certezas, encobrindo o reluzir do espírito, a fusão com alguns, ou todos os atributos provindos do Sagrado, onde o artista se embebedaria do Divino, embriagando do manancial infinito de possibilidades, em cores, sentires e gostos.
Do entendimento maturado, daí, para a síntese dos padrões de desenvolvimento que a humanidade se submeterá.
Passaria a manifestar arte; seja na escrita, na fala, em quadros e nas mais variadas expressões artística, onde o jogo lógico e matemático dos conceitos perderia lugar, emergindo naquilo que é produzido numa ordem caótica de significado, sentido este captado pelas faculdades superiores da alma daquele que aprecia uma música, uma obra de arte no museu, numa exposição, numa peça de teatro, num livro.
Manifestação humana da imaterialidade. Era disto que o ator estava a necessitar.
Cultura de mundo que o novo tempo pede para a humanidade tomar as primeiras impressões.