A Arte, e o Novo Tempo 3

O breu perdurou o suficiente a permitir o diluir do inconsolável choro do protagonista.

Depois de esgotado o lamento, o silêncio em seu expressar solene.

Como que da escuridão sem nome, que emergiu toda a criação, eclodiu uma totalidade de luz no palco, projetado no alto, uma esfera incandescente, e nela, um relógio, cujos ponteiros, como que duas flechas flamejantes, uma sobreposta a outra, sendo a segunda, a da superfície, a menor. Nos lugares dos números, viam-se olhos tenebrosos, que abriam e fechavam.

Como uma carruagem de fogo, um semovente entrou no palco levando seres de expressões e forma supra-humanas, reluziam cada um numa cor, equiparadas às do arco íris.

Outros, mantinham na forma estética uma beleza nunca vista, nem humanos, nem Divinos, reluzindo como ao reflexo do Sol.

Era a carruagem conduzida por dois cavalos, um na cor branca, e o outro na cor negra. Tinham altura e postura daqueles das raças das melhores estirpes do mundo.

A caravana com aqueles seres, e os cavalos, quando vistos em seu conjunto, levavam recursos ao olhar atento, a impactar qualquer interior, mente deste tempo.

Fugia a técnica, a materialidade, o achismo, o superficial, e o trivial.

*** *** ***

Quando o arsenal de cores e formas tomaram conta do palco, recuando a escuridão, restavam poucos na plateia.

Mais da metade daquele grupo de sábios, haviam se retirado.

Teriam sido confrontado no limiar que existe na consciência de cada um? desafiando-os a voarem mais alto nas suas impressões, levando-os a retirarem-se desta exposição, porque demandaria fazer a entrega ao mistério, ao grandioso que está imanente a realidade interna de cada um?

Teriam se negado ir além das obviedades que a razão tinha para eles mesmos, quanto ao inexorável fim de todas as coisas?

Estariam na iminência de deixar os braços da ciência, perdendo a estabilidade interna, voando mais alto, entrando no desconhecido?

As sensações internas que o ator moveu em si diante do Inominável e Imanente Desconhecido, foi tão abrasivo, que despertou nos que se ausentaram O Tremendo , O Augusto, O Grandioso, O Numinoso que habita nos atributos inerente a Deus na natureza imanente que existe no coração do homem,, de modo que fugiram para não continuarem sentindo tamanha realização?

Pelo sim, ou pelo não, a peça continuou na execução, a carruagem aproximou -se de uma mesa, lembrando a Távola Redonda no Reinado de Artur.

Todos os integrantes desceram da carruagem, ocupando seu lugares a mesa, e aquele que chorava, tinha desperto em sua face o sublime. Dirigiu-se até uma cadeira que estava pouco abaixo do relógio, e acima da távola redonda, que indicava ser de colossal grandeza simbólica.

Muito badalar de sinos foram ouvidos.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 29/04/2022
Código do texto: T7505970
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