Porta do Céu - BVIW

Tema: trago guardado (conto)

 

Judith viajava de trem. Estava a sós com seus pensamentos, que visitaram sua amiga e religiosa no Mosteiro de Santa Fé. Os raios do sol brincavam na sua face, filtrados pela vegetação bem cuidada das margens da linha férrea. Judith, realmente, estava tocada pela beleza do Espírito Santo que emanava da amiga, pois ela estava radiante. Não por si, mas pelas palavras amorosas para com Nossa Senhora, mãe de Jesus. Judith era Católica Apostólica Romana, mas aos 22 anos ainda não tivera um encontro pessoal com o Divino. E na sua cabeça, perguntava-se: como pode Leonor ter uma fé tão bonita? Que palavras amorosas e respeitosas tem pra Maria, mãe de Deus! Que elogios divinos ela faz à mãe do Salvador! Como ela é bendita por crer em Deus e na milícia celeste! Nessa introspecção, foi mergulhando em águas tão profundas, tão abrasadoras, que começou a ouvir um canto de ninar. Estranho que brotava de dentro. Judith começou a ficar assustada com isso, pois uma estudante de Psicologia sabe dos sintomas de uma psicose, como ouvir coisas... Ela virou-se para seus companheiros de viagem para verificar se o canto partia deles. Nada! A melodia era tão maravilhosa e inédita que ela sufocava-se com a doçura... Mas então, ouviu por dentro essas palavras: "Judith, sou Maria, mãe de Deus e tua, e te pego no meu colo. Canto para ti uma canção para embalar tuas dores, transformando-as em bençãos! E lembra-te: faço-te criança de colo, porque só as crianças são capazes de uma fé cega, uma fé verdadeira". Ao ouvir tal interlocução, Judith caiu em pranto, desavergonhadamente. E desde então, santa e pecadora, entrou para o reino dos céus, pela porta chamada Maria Santíssima!

 

(Trago guardado no coração essas benditas lembranças, personificadas na Judith...)

Cassia Caryne
Enviado por Cassia Caryne em 26/04/2022
Reeditado em 26/04/2022
Código do texto: T7503507
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