A Arte, e o Novo Tempo
Chegou recentemente, pensava assistir ao prometido, o espetáculo que definiria o século, o inovar em suas primeiras aparições, atendendo aquilo que o inusitado revelou. A peça ainda não havia começado.
Estranho, mas a pequena plateia mantinha-se apática, as faces no insosso; grupo escolhido de sábios que leram um pouco do que ocorreu nas eras e eons.
Mantinha os presentes na baixa expectativa, como que no standbay, naquele estado suspenso de que poderia haver melhora no novo contexto.
Estavam lá.
Até que havia muita movimentação no palco, atores vibrantes nos novos figurinos. Conduziam às mãos, as folhas onde continham os escritos das falas, envoltos nos próprios gestares e falares. Ensaiavam pela última vez o que seria de cada um na peça.
Era percebido uma certa aflição nas faces dos atores, como que buscavam a respiração ao lerem as folhas, traduzia na leitura labial e olhares, que buscavam confirmarem para si mesmos que não haveria erro na execução, na atuação definitiva no palco.
Até que se retiraram, foram para detrás da cortina.
As luzes foram apagadas.
Instante após, o sinal tocado. A apresentação teatral iria começar.
Estonteante! As luzes e os refletores em movimento , os sons e a orquestra de fundo, o arranjo de tudo dentro de uma sutileza que revelou o assombro do novo em todos, apresentação nunca vista no mundo dos terráqueos. Impactou o início.
Aquele que chegou por último não negou para si que a noite prometia, sentiu em seu ser aquilo que nunca havia experimentado. A arte atuando nas impressões da mente lógica, ultrapassava o racional e chegava no em si daquelas almas. Era o novo que confirmava o agora, que pouco antes soou profecia.
O novo tempo.
Entrou o primeiro personagem sendo iluminado por um facho de luz violeta, suas vestes eram brancas.
Em tempos antigos, o facho, a tocha de fogo, era o meio mais comum de comunicação à distância em tempos de paz ou de guerra.
E o ator(ou atriz), naquele início de espetáculo, sendo iluminado por aquele refletor, simbolizava a arte dando sua resposta, sinalizando o que o Sagrado tinha a dizer sobre as primeiras impressões do homem no novo temo.
Com o olhar para o alto, o artista trazia na expressão o sublime, reverenciava algo que entrou consigo no palco pelo campo mental, que somente ele tinha à consciência.
Sem dizer uma palavra, com os pés descalços, circulou no solo, num ponto central do palco, o espaço onde seria sua estada. Via-se avermelhar a ponta do dedo maior do pé direito levemente enquanto fazia a esfera.
Sentou. As vestes e a maquiagem, bem como suas expressões, pareciam serem conduzidas a dificultar ao que assistia, se o ator era jovem ou velho, homem ou mulher.
Denotava na estética inaugural da totalidade do espetáculo, que estava em execução há alguns minutos, que o personagem foi criado sem pretensões primeiras de levar a plateia a interpretação final definida do gênero do humano que atuava, mas qual mensagem queria trazer.