Batalha dos Anjos
Estávamos em casa, sentindo o vento que vinha pelas aberturas, e preocupados com a tempestade que se aproximava da região.
Era um final de tarde, e ao sair observei o céu coberto de nuvens revoltas… Entre elas via esporadicamente o vulto de seres alados, possivelmente anjos. Parecia que a tempestade que se aproximava era uma batalha acima das nuvens.
A sensação era de temor ao mesmo tempo que de conforto. Difícil de explicar.
Então, algum dos anjos, por detrás das nuvens, deve ter percebido a minha presença no solo e arremessou algumas “penas seteiras” em minha direção, possivelmente como sinal de advertência.
Desviei delas e entrei em casa para me proteger.
Pela relance da visão das setas, eram “penas” (talvez das asas do anjo), com um formato de folha de mangueira, de cor muito branca e feitas de algum material vítreo e etéreo, as quais possivelmente seriam fatais mas instantaneamente se dissolviam após acertarem algo.
Dentro de casa pensei o porque um dos anjos tentou me acertar com aquelas setas? Mas certamente estava havendo uma batalha no firmamento.
Saí novamente, para observar mais um pouco o céu. E continuei vendo os vultos além das nuvens trovejantes.
Vi então um dos anjos descendo para efetuar novos disparos contra mim… Corri… Tentei correr mais… E ele me acertou uma daquelas setas nas costas… Por quê? O que eu fiz?
A seta entrou em minha lombar como um espinho de cacto… Não provocando sangramento, mas mudando de alguma forma a minha consciência… Pois este anjo aproximou-se encarando-me e eu entendia o que ele falava, mesmo ele não falando nada… Saia uma voz de sua alma, não de sua boca… A boca mexia-se… E a voz vinha em um idioma confuso, mas como telepatia.
Ele conversava em sua língua, de forma telepática, e eu consegui entender.
Ele estava bravo comigo, e eu precisei responder com meu coração à pergunta que ele fez.
Seu rosto tinha feições bravas, e cobrava de mim um posicionamento (acredito que na batalha).
Telepatia… A boca mexia-se, mas sem som… O som vinha na mente… Em um idioma estranho… Mas consegui entender… Como? Só podia ser efeito da “seta”.
Após eu responder, ele me deixou em paz e voltou para a batalha.
Seria ele Miguel? O Arcanjo Miguel?
Tive a impressão que havia uma camada de cera em seu rosto, como se ele fosse feito de cera… Um anjo de cera, com roupas escuras, asas acinzentadas e muita fúria em seu semblante.
Consegui voltar para casa e comecei a fechar as aberturas… Mas outro anjo entrou na casa, e sem olhar ou falar algo, virou-se para as aberturas, portas e janelas, pela parte de dentro escreveu algo misterioso em cada uma delas… Era uma escrita com fogo, como se fosse uma pirografia mais ardente. As letras eram incompreensíveis.
Ele não era parecido com o primeiro anjo. Parecia ser um anjo mensageiro. A coloração era diferente do outro, como se houvesse fogo dentro de seu corpo, e não tinha traços tão definidos como o anterior.
Acredito que era Uriel, o Arcanjo.
Não sei que idioma ele usou na escrita, mas logo a escrita desapareceu, como se tivesse ficado impregnada na “alma” da madeira, mas não em sua superfície.
Após escrever em cada uma das aberturas ele saiu voando, da mesma forma que havia entrado… Como um cometa flamejante.
E a curiosidade de saber o que era tudo isso.
Eis que uma terceira figura materializou-se à minha esquerda e começou a explicar.
Não sei de onde aquele terceiro ser tinha vindo. Também não deu para saber se era uma figura feminina ou masculina. Tinha um ar de tranquilidade e sabedoria. E sua voz não vinha de minha imaginação humana…
Ela falou e a voz não podia ser recriada pelos meus pensamentos.
A voz vinha de algum lugar diferente… difícil de explicar. Mas parecia ser mais real que qualquer outra voz já escutada antes.
― “Compartilhar sonhos” ― Ela falou isso entre outras palavras…
Esse ser tinha uma peculiaridade em sua constituição física: além de parecer ser um dos anjos, mas sem asas, tinha sua mão esquerda invertida. O polegar ficava para baixo e a mão fechava para o lado de fora, contrário ao normal.
Ao rever a sequência dos acontecimentos, acredito que essa terceira personagem possa ser Aurora.
Os sentimentos eram conflitantes.
Medo, angústia, conforto, alegria.
(...)
Os seres humanos ainda não estão preparados para a verdade.
Ainda faltam palavras em nossas línguas terrenas para explicar e compreender alguns ministérios.
Mas o caminho certo sempre nos levará a Deus.