A chegada do corpo - Cap. IV do conto O Velório
Já estava anoitecendo, 18:00 horas batia no relógio, e a Ave-Maria era ouvida do sistema de alto-falante da igreja, logo após seria anunciado, pelo mesmo sistema, o falecimento de Francisco Donizetti de Campos Elíseos.
No velório esperavam algumas pessoas, a esposa, filho, irmãos, cunhadas e sobrinhos, como ainda não havia sido anunciado, não haviam outras pessoas no local além de familiares. Aberto o carro fúnebre, arrastou-se o caixão para fora e colocado no carrinho. Ainda bem que existe o carrinho, nem sempre há pessoas suficientes para carregar o esquife e ele facilita a locomoção.
Eram somente alguns passos até estar dentro da sala do velório destinado ao funeral daquele corpo frio, inerte e sem vida, um corpo que foi abusado pelo seu dono com extravagâncias diversas, que não fora respeitado por quem o usou até aquele dia, sem atentar-se aos limites que ele suportaria, sempre indo além da normalidade e sem medir as consequências.
Posto o caixão nos cavaletes ouve-se o anúncio da morte do sujeito:
--- Anunciamos o falecimento do senhor Francisco Donizetti de Campos Elíseos, contava o extinto com setenta e um anos, faleceu por volta das quinze horas e trinta minutos em sua residência. A família enlutada convida parentes, amigos e conhecidos para o seu funeral que se dará no Velório Municipal encerrando com o enterro no Cemitério Municipal às 11 horas de amanhã.
Agora todos, ou uma grande parte das pessoas, já estariam sabendo do infortúnio que acometeu o seu Francisco e logo algumas delas começaria a chegar no velório para prestar sua última visita àquele corpo inerte, frio, sem vida, que se encontrava dentro de um esquife, todo enfeitado com flores e pronto para ser observado por todos que ali passariam.
Não demorara muito e já começavam a chegar os primeiros conhecidos, amigos e mais parentes, alguns curiosos que não eram amigos do falecido, mas que sabiam de quem se tratava.
A noite seria longa...