As Crônicas do Caçador - Casa da Bruxa

Teste de elenco para "As crônicas do estrangeiro"

:: EMBATE NA FLORESTA::

- Hmm, aquela da esquerda não tem muito poder, provavelmente é uma Asânita. Quanto a do meio... Tenho quase certeza que é uma bruxa.

- Diz isso por causa do alforge?

- Não necessariamente, posso dizer que é mais por instinto.

- E quanto a da direita? Você também percebeu, certo?

- Sim... Se tiver amor a sua vida não se aproxima dela, dá para ver naqueles olhos uma sede de sangue imparável, é difícil de imaginar um monstro desses andando por aí...

- Você vai mesmo atacar? Mesmo estando em desvantagem?

- Não adianta, preciso testar minha técnica de qualquer forma.

- Então vou tentar te dar cobertura, caso a outra se mova, eu uso minha habilidade pra nos tirar daqui.

Pryia já notara desde que as três atravessaram a barreira, que alguém as observava, de modo que alertou as três sem demonstrar que estava se comunicando.

- Ajam naturalmente e finjam que não estou falando com vocês. A direita, entre as árvores, consigo sentir duas ou três presenças nos observando, estão cerca de 80 metros daqui.

- São amadores? - Perguntou Morgana, a vampira.

- Sim, não conseguem esconder suas presenças com perfeição, podem ser da nossa idade. Vamos manter cautela até observarmos a habilidade do inimigo, talvez consigamos fugir sem ter que lutar, no pior dos casos precisaremos proteger a Ágape (A humana). Morgana, você consegue lidar com isso sem mata-los? Gostaria de evitar baixas em todos os lados.

- Vou tentar manerar minha força, mas não garanto que eles sairão vivos.

- Certo, em 15 metros vamos nos dispersar, você vai para a esquerda e esconde sua presença, vou servir de isca.

- Certo, em caso de emergência use os feitiços que treinamos, não seja tão generosa com esses idiotas...

- Morgana...

- Hmm?

- Obrigada, você é uma boa amiga...

Quando as três caminharam mais alguns metros, Morgana caminhou para o outro lado acenando que iria embora, enquanto Pryia e Ágape continuavam seguindo reto.

Não demorou muito até que dois garotos surgissem em uma velocidade sobre humana na frente delas, pulando entre os obstáculos da floresta. Pryia colocou Ágape atrás de si e puxou seu Alforge para frente, colocando-se em posição de guarda.

O garoto mais a frente usava roupas típicas de um camponês, enquanto o de trás era claramente um caçador.

Não portavam nenhuma outra arma além de um facão na cintura do garoto de trás, mas não foi isso que assustou Pryia. O que a fez se arrepender de ter subestimando o inimigo, foi a posição de mãos que o camponês fazia, claramente tinha habilidades de um ataque direto. O caçador de trás foi o primeiro a falar:

- Alto lá garotas, o que fazem nessa mata sozinhas? Não sabem que é o território das bruxas?

- Meu nobre cavaleiro, vossas moças estão perdidas. Caminhamos longe demais da carruagem que nos transportava. Acaso vieram nos socorrer?

Pryia tentava ganhar tempo e ao mesmo tempo os distraia enquanto Morgana se aproximava por trás.

Por não ter muitas experiências com o mundo exterior, senão as velhas histórias de sua vó, não sabia que tipo de pessoas eram as nobres e nem como se vestiam, por isso sua tentativa de diálogo soou como uma trapaça infantil para o garoto da frente, que respondeu nitidamente desapontado.

- Entendi, então você é uma mera aprendiz de bruxa? Não fique brincando por aí fingindo que é uma nobre, você não passa de uma criatura impura.

- Esperem cavalheiros! Esta menina ao meu lado não é uma bruxa, é uma humana normal como vocês. Estou levando ela de volta para sua casa, e voltarei para minha tribo logo após. Por favor, me deixem apenas entrega-la de volta à sua família, e em seguida vocês podem decidir o que fazer comigo, não irei reagir!

O truque funcionou e o garoto camponês começou a hesitar em sua postura. Levemente abaixou sua mão como que desistindo de atacar. Pryia não deixou passar nenhum movimento deles e ante a incerteza de seu inimigo, adicionou:

- Minhas ancestrais não são da linhagem maligna. Temos cuidado do equilíbrio da floresta a séculos e vivemos em paz com a natureza. Por favor, me deixe passar em paz, e me permita dialogar com você.

O garoto nesse momento já havia desistido de atacar, e aos poucos começara a confiar na garota. Porém, enquanto ainda conversavam, Morgana se aproximou por detrás do garoto caçador e colocou suas unhas afiadas no pescoço dele:

- Se falar algo, eu te mato. Se fizer qualquer coisa, eu te mato. Minhas unhas são mais afiadas que espadas, não me faça usa-las...

- Piedade... - Disse o garoto se ajoelhando totalmente submisso ante a presença sanguinária de Morgana. Tal ação coincidiu com o fim da conversa de Pryia, e quando o garoto camponês com guarda baixa sentiu a sede de sangue de Morgana, logo olhou para trás e viu a cena de seu amigo imobilizado. Em choque, levantou sua mão direita e materializou um arco flamejante.

- Mentirosa, você só queria me distrair. Não vou te perdoar... Hell Arrow

Pryia sabia que aquele era o sinal que ele atacaria. Imediatamente, pegou uma varinha de seu Alforge e desenhou rapidamente um quadrado no ar. "Aculeis Fenestra", exclamou Pryia o nome da magia. Uma janela apareceu na frente da bruxa, e sua vista dava em um outro lugar. A flecha que o garoto atirou entrou pela janela, se perdendo naquela distante paisagem, e imediatamente a janela se fechou e desapareceu.

"Uma magia de teletransporte? Mas só usuários avançados podem fazer tal coisa... Não, há algo mais, elas já sabiam que eu estava observando... Uma armadilha? Droga o que eu faço." Pensou o garoto que ainda tinha o arco apontado para uma indefesa Pryia, e olhando para ela disse:

- Então que tal uma troca de reféns? Solte meu amigo e eu poupo a vida da Asânita. A minha próxima flecha não errará e você não tem tempo de desenhar outra janela...

- Não te faremos mal, se soltarmos seu amigo promete nos deixar em paz?

- ... Mas é claro, acha que estou brincando numa situação dessas?

- Certo, Morgana traga o garoto para o meio e o solte.

Morgana o acompanhou até o meio, e o soltou. O arqueiro também abaixou seu arco, e em posição de submissão, se afastou carregando seu amigo nos ombros, mas sem perder de vista o grupo das três garotas.

"Eu fui muito tolo ao achar que poderia contra elas. Quase que Guilaum perde sua vida por minha culpa... Nunca mais nos arriscarei assim novamente..."

- Garoto arqueiro, sua habilidade de controlar mana é incrível. Qual é seu nome? - Perguntou Pryia, tentando ainda negociar com os garotos. No fundo ela pensava que com diálogo era possível desfazer o mal entendido.

- Mana? Do que você está falando? Eu fui abençoado pelos espíritos da floresta desde que nasci, não dependo de truques ou objetos mágicos. E se quer saber meu nome, me chamo Willein e este meu amigo é Guilaum, ele também é um guerreiro assim como eu.

- Por favor, nos leve até a cidade de Brycia. Estamos realmente perdidas...

- Por que quer ajuda de alguém que tentou te atacar? Não se lembra que quase te matei?

- Não vi maldade nos seus olhos. Na verdade, pensei que poderíamos ser amigos.

- De uma bruxa?

- Como já te disse, não sou da linhagem maligna...

Continua