Sem pás...?
Já tendo vivido no Canadá e na Finlândia, caí na irresistível tentação de visitar o Ártico. E imaginava, até então, só uma fraçãozinha da beleza do espetáculo da aurora boreal.
E o amigo finlandês, Toivo, sabia de tudo que se relacionava à sobrevivência nos gélidos páramos da calota polar. Tinha convivido com
esquimós. E visto Papai Noel por lá, atrás de renas, me garantia.
Coisa prática, me disse ele, é isto aqui: um par de pás, para cavarmos os blocos de gelo e construir o iglu, condição sine qua para se enfrentar as rajadas de vento. O termômetro marcava menos 22 graus de Celsius e bem estável, malgrado o breu.
E não levou muito tempo para que eu pegasse a prática na lida com os blocos. Com coisa de 3 horas de trabalho, estava pronto o forninho. E era notável a sensação de proteção e aconchego no interior do igloo.
Mas a hora era a da aurora, que logo começou com aqueles flashes luminosos esverdeados quase a ponto de encher toda a abóbada...Inimaginável, até para quem a revia...a cada momento uma nova revoada na formação da luminescência esmeralda... E isso, tenho certeza, a Globo não mostra. Tampouco os Xingos nos Is daqueles fósseis bajuladores...
Mas veio o sono. Hora do recolhimento, mesmo sem porta, janela ou taramela... Sono profundo...
Foi quando se aproximou do igloo um urso polar. Rondou, rondou mais próximo, mais próximo, até que...até que deu no pés...
...com nossas pás...!