O SÍTIO DO JOÃO DE BARRO BRANCO- fim

🍓 O COBOLDO DOS PAMPAS 🍓

Assim que as luzes do casarão se apagaram, D.Ida e seu Atílio se recolheram para dormir, o grupo de hóspedes foram para o Bio Reservado.

Yarim levou seu detector de movimentos e a garrafa com a tampa de rolha.

Escondidos atrás das árvores, aguardavam silenciosos o tal ser chamado Saci-Pererê se manifestar. Ao cantar a coruja a luz vermelha do pequeno monitor, passou a luzir registrando algo se aproximar. O vulto era apenas uma sombra difusa. Yarim e Arísia direcionaram o aparelho adaptado num mini aspirador de pó, apertando o balão de borracha. Uma neblina foi sugada e enfiaram dentro da garrafa, tapando com a rolha.

— Conseguimos, o Saci está preso outra vez! Seu Atílio irá enterrar no milharal perto do espantalho.

Eles bateram na porta do paiol, acordando sr. Atilio.

— O Saci está aprisionado novamente. Fique com a garrafa e enterre no milharal, junto com as outras.

— Como está o João de Barro?

Seu Atilio mostrou a gaiola ainda coberta com a manta de lã.

Mas ninguém tinha coragem para retirar a manta, com medo de ver o pássaro morto.

Lohan criou coragem e puxou lentamente a coberta. Ali estava ele, o passarinho de brancas plumas, inerte de olhos fechados. Ele havia morrido.

As crianças se abraçaram chorando, de tristeza.

— Isso é uma tragédia, d.Ida terá que mudar o nome do sítio, esse lugar nunca mais será o mesmo sem ele.

Eles taparam novamente a gaiola e saíram cabisbaixos para dar a triste notícia para d. Idalina.

Então se escutou um gorjeio vindo da gaiola. Os soluços da choradeira, haviam acordado o João de Barro, que estava apenas dormindo, envolto nos flocos de algodão.

Seu Atílio levantou a baieta. O João de Barro cantava alto, pedindo para sair da gaiola. Ele levou até a porta e abriu a portinhola.

O João de Barro abriu as asas e alçou voo em direção de sua oca, no alto do carvalho, sob os aplausos e júbilo de todos. Ele estava salvo.

D.Ida levantou-se com o barulho e se juntou a eles.

— Vejo que nosso mascote foi salvo, graças a voces meninada. Estou muito feliz com as atitudes e o bom comportamento de todos.

— D. Ida reserve o lugar para nós aqui no sítio, para as próximas férias.

A temporada havia chegado ao fim.

O jovens haviam se tornado bons amigos e vivido uma aventura inesquecível na sua breve estadia naquele sítio.

Dois dias depois eles montaram na charrete do seu Atílio, sendo levados até a estação pegar o trem e retornar para suas casas.

No alto do velho carvalho, na porta de sua casinha de lama, gorjeava alto e saudável o João de Barro Branco, como dizendo adeus aos hóspedes, enquanto a vaca mugia, o galo cantava e o sapedo fazia algazarra no riacho, o espantalho se embalava ao vento.

Apenas as lebres e esquilos podiam ver que no bosque do Bio Reservado, uma sombra saltava por entre as árvores brincando e pitando cachimbo, deixando um rastro de fumaça com aroma de alecrim no ar.

♫ ''Olará, Olerê, sou Saci-Pererê

Assombro lenhador

Sou da mata protetor

Reluz meu capuz vermelho

Salto mais que coelho

Nenhuma fada, bruxa trampa

Arapuca o coboldo dos pampas

Garrafa nenhuma me tranca

Isso é coisa da onça.'' ♫

FIM

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 07/03/2021
Reeditado em 31/10/2023
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