O SÍTIO DO JOÃO DE BARRO BRANCO-6

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D.Ida esclarecia durante o café matinal, para os jovens hóspedes.

— Voces são mexeriqueiros, furtaram uma das garrafas e libertaram o saci. Esse ser é travesso, solta as galinhas, troca o espantalho de lugar, revira o paiol. Eu costumo deixar um prato com doces e bolachas na varanda, durante a noite ele vem buscar e seu Atílio o aprisiona numa garrafa, depois enterra no milharal. Precisamos capturá-lo antes que vá infernizar o vilarejo todo.

Carreguem os cestos com nossos produtos na charrete, iremos vender na feira dos agricultores, nas tendas na praça perto da capela.

No final do dia eles retornaram com poucas sobras das mercadorias. D.Ida e seu Atílio estavam satisfeitos com a ajuda das crianças.

— Nós ajudaremos a prender o tal Saci-Pererê outra vez na garrafa. Eu tenho alguns equipamentos que inventei, iremos fazer uma espécie de armadilha para ele.

Seu Atílio se mostrava preocupado. — Venham todos, voces precisam ver uma coisa. Ele mostrou na gaiola, envolto num ninho de algodão, o João de Barro Branco.

— Ele está doente, deixou de se alimentar, irá viver pouco tempo.

Yarim tomou o pássaro na mão. — Parece que ele comeu algum inseto nocivo. Precisamos fazer uma lavagem estomacal nele.

D.Ida, providencie uma seringa e um canudinho, ferva algumas flores de camomila com mel! Não podemos perder tempo, essa ave não pode morrer, ele é o mais belo que já vi da sua espécie, uma raridade.

Assim Yarim enfiou o canudo fino no bico do passarinho, bombeou água para dentro, depois extraíu com a seringa. Mas só havia migalhas de alpiste e minhocas.

— Olhem, isso é resto de pele dum filhote de cobra venenosa, ele confundiu com uma minhoca, comeu e ficou envenenado. O chá de camomila com mel irá ajudar a desinfectar. Preparem alguns flocos de aveia com água, até ficarem macios. Precisamos alimentá-lo, ele está fraco demais.

Todos corriam ajudar no que podiam, tentando salvar a vida do João de Barro Branco.

Ele introduziu o creme de aveia no bico do passarinho, depois envolveu-o no algodão outra vez.

— Seu Atílio, tape a gaiola com uma manta de lã, deixaremos ele descansar, nada mais podemos fazer, apenas esperar e rezar para que ele se recupere.

— Eu irei providenciar um caixão pequeno, tenho um porta joias bonito, forrado com veludo. Vamos avisar as crianças do vilarejo, para o funeral.

— Pare com isso Arísia, ele ainda não está morto!!

Pesarosos eles se recolheram para as casinholas nas árvores. Ao abrirem a porta perceberam que haviam recebido visita inesperada:

Alguém havia revirado e espalhado as roupas pelo chão, desfeito as camas, destripado os travesseiros, atado nós no cordão dos sapatos, derenrolado até o fim o rolo de papel do banheiro, revirado o lixo, numa bagunça.

— Fomos assaltados! Vamos chamar a polícia, isso é caso para o F.B.I, ou a C.I.A ou INTERPOL! Foi tentativa de sequestro, a mando de nossos pais, certamente. Eles nos venderam como escravos aqui nesse sítio assombrado, fazem tudo para se livrarem de nós.

— Cale a boca Zildete com suas inventivas, foi o tal Saci- Pererê que esteve aqui! D.Ida havia nos avisado do que ele é capaz. Precisamos dar um jeito de capturar essa peste outra vez.

-segue no cap.7

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 04/03/2021
Reeditado em 31/10/2023
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