A Lua Engoliu Meu Conto - BVIW


A lagoa tem suas águas calmas e frescas. Apenas uma brisa lhe arrepia a pele. Já é noite e a saparia faz o concerto. Ah, bonito demais de ouvir!
Mas na cena, gente grande não vê e não ouve. Só gente "aluada" e as crianças, que ainda não aprenderam a ser cegas e surdas. O sapinho Joca cantava pra sua amada. A lua dava o tom. Estava linda, soberana no céu sem nuvens. Parecia um farol a alumiar a terra. E na lagoa, então, fazia dela seu espelho. Penteava seus cabelos de lua, cujos raios prateados eram lisos e escorregadios. Joca amava sua namorada, Lola. E se exibia para ela, que fingia não notar. Era um jogo de sedução. Desse modo, ele cantava mais e mais. E ela o amava no seu desejo por ela. A poetisa já ensinou: o Amor faz melhor favor ao que ama, do que ao amado. Mas o sapo Jururu reparou que Lola era bonita. E quis competir com Joca. A sinfonia ganhou ares de duelo. A tensão tomou conta da Pedra Bonita, onde os sapos se encontravam. Lola só queria uma noite calma pra namorar. Encheu-se daquilo e pulou na lua, que a engoliu por inteiro! Os machos desafinaram, coitados! E a lua engoliu meu conto!

Tema da Semana: A lua engoliu (meu) (minha)