A MENINA, PÁSSAROS ANJOS E A BRUXA
Num manusear páginas de um livro, vi-me sair de uma delas, vestida tal qual uma fada, uma graciosa princesinha. Ostentava no pescoço um Brisingamen; no peito, um djed, espécie de amuleto egípcio, que representa estabilidade; na testa, a Pedra Chintamani ou Pedra Cintamani, conhecida como a pedra que realiza os desejos e, na mão direita, uma varinha de condão, fina e de madeira, marfim. Ao ouvir ruídos, falei:
– Onde tem uma árvore de lótus?
– Por que a queres?
– Ela é uma árvore especial, com aroma suave de mel, que realiza desejos.
– kkkkkkkk. Onde achas que vais, menina?
– Vou ao lago banhar-me com uns amigos e, depois, encontrar a árvore de mel.
– Desista! Tu não irás a lugar nenhum! O mal vence o bem e, além do mais, estás sob meus poderes. Vou acorrentar-te a um tronco de uma árvore cheio de formigas.
Com cuidado, peguei a varinha de condão e a girei por várias vezes. A cada movimento, no céu despontavam pássaros anjos. A bruxa, ao ver-se cercada por esses seres místicos, tentou fugir, mas foi pega por uma rede jogada pelas aves. Desesperada, pediu perdão pela sua atitude, disse que tudo não passava de brincadeirinha.
Um pássaro anjo falou-lhe:
– Senhora, também estamos brincando. Nós é que a levaremos a um lamaçal.
– Por favor, não façam isso. Prometo não mais atormentar crianças.
– Preciso de um tempo. Vou conversar com meus amigos e com a Fada Carolina; e, mais tarde, dou-lhe retorno.
Uma hora depois, voltou na companhia da Fada Carolina que disse aceitar o seu pedido de desculpas, desde que concordasse em trabalhar em seu castelo como mucama, ajudando nos serviços caseiros e a acompanhando em passeios.
– Não! Nem pensar! É humilhação demais. Prefiro morrer picada por formigas e soterrada na lama.
Protegida pelos pássaros anjos, retornei às páginas do livro “A Pedra Encantada de Brisingamen”.