A Data da Morte!

Naquele país estranho.

Todos eram bruxos.

E sabiam, assim que aprendiam a falar e a entender os outros, qual seria a data da sua morte.

E não havia escapatória, nenhuma magia, nenhum feitiço, nenhum artifício que fizesse mudar o vaticínio.

E quem disse que aquilo afligia o povo?

Assim com as sementes se acostumam ao rastejo e as aves ao voo as pessoas dali se acostumavam ao convívio, diuturno, com o derradeiro dia e não é que havia festejos para cada um no dia anterior!

Era com um júbilo, uma consagração. O término da luta, como diziam, e se felicitavam.

Até que um dia um homem não menos estranho que as pessoas daquele exótico lugar chegou. E em pouco ficou sabendo do costume e da faculdade estranha que todos carregavam.

Dizia-se um Mago de outras paragens e promoveu alguns truques que pouco impressionavam um povo acostumado à maior das magias: conviver feliz com a vida sabendo o dia do término dessa.

O que poderia assombrar gente como aquela?

E o forasteiro bem que tentou algum dinheiro, ou colher alguma vantagem, mas se decepcionava, pois não lhe davam o menor crédito.

Certo dia quando gostou das colinas, das águas cristalinas, resolveu deitar de lado sua mania de Mago e ergueu uma cabana. Depois, viu nos olhos claros de uma linda morena o disparar do seu coração. E se uniram e tiveram um filho muito bonito.

E o menino cresceu meio bruxo e meio mago.

E não foi que quando aprender a falar, também soube do seu dia e ainda do dia do seu pai?

E que medo dominou o mago.

Não havia mais paz, sossego, embora a data fosse distante, muito distante. E tentou, em seu desespero, contra a própria vida, mas tudo falhava. A navalha não cortava, a corda arrebentava e, no auge ao saltar de um terrível precipício veio uma rajada de vento elevando-o de volta e lançando-o sobre a borda.

Da morte não se escapa nem no antes nem do depois! Era a lei daquela gente.

E eis que se conformou e viveu esperando o dia da morte ao invés de viver esperando a vida eterna!