De Olhos Fechados
E então eu abri os olhos... Mas antes mesmo de ver já havia sentido o cheiro inconfundível do verde, da vida. Meus pés desnudos tocavam a terra úmida e a sensação de pureza e liberdade fluíam através de todo meu corpo. Meus ouvidos, repletos dos mais suaves cânticos não deixavam dúvidas. Até que meus olhos comprovaram o que o interior indubitavelmente já havia descoberto. E nada poderia ser mais fascinante. Árvores que iam do profundo solo ao majestoso céu azul claro, tinham também aquelas menores mas tão encantadoras quanto, flores brotavam, de todas as cores, tamanhos, aromas e formatos. Os pássaros que passavam diante do sol reluzente traziam a mim um espetáculo único. E quanto mais andava mais as coisas que eu via e imaginava que veria aumentavam e tornava-se mais inacreditáveis. Cachoeiras, cavernas, nascentes, montanhas e rochas que pareciam ter formato de animais. Animais de fato de todas as espécies, tamanho e ferocidade, mas não havia o que temer, eu me sentia seguro. Não havia perigo de qualquer fonte, não havia o fogo, a seca, a destruição e nem o desmatamento. Não havia a pressa, tudo seguia o seu tempo. Não havia a ganância, todos usavam somente o essencial. Não havia dor, todo ciclo se cumpria com a certeza de que seu trabalho foi feito. Não havia automóveis, nem barulhos poluentes e sobretudo, não havia o homem. Tudo era perfeito em seu estado natural e foi aí que então, mais uma vez, eu abri os olhos...