SELVA - TIROS, NUNCA MAIS - CAP. 14

SELVA

TIROS NUNCA MAIS – CAPÍTULO XIV

Aline estava deitada numa cama no canto do aposento, meio adormecida. Havia uma mulher junto dela que tratou de sair, quando o viu entrar, para que eles ficassem a sós. Ele aproximou-se devagar e ajoelhou-se a seu lado, sem coragem de tocá-la.

A moça tinha os olhos fechados e ele ficou olhando para ela com lágrimas rolando por seu rosto. Hesitante, aproximou o rosto do dela e a beijou, com o coração batendo forte pela emoção e pelo medo.

Aline abriu os olhos devagar e Sílvio fechou os dele, imaginando que seu corpo fosse se transformar em alguma outra forma de vida. Ela sorriu e tocou seu rosto.

- Abra os olhos, meu amor. Olha pra mim...

Ele abriu os olhos e olhou para si mesmo, depois sorriu aliviado.

- Ainda sou eu mesmo?

- Se não é, acho que já morri... e devo estar no céu.

Ele tocou a mão dela e Aline segurou sua mão.

- Meu pai... está morto, não está? – ela perguntou.

Ele não respondeu, mas ela entendeu aquela resposta silenciosa.

- Foi o melhor pra ele, ela continuou. - De qualquer forma, ele nos ajudou. Evitou que eu fizesse uma loucura.

- Que loucura?

Aline contou a ele toda a estória de sua ida até o acampamento para tentar ajudá-lo da forma errada.

- Na verdade, ele armou toda aquela cena que aconteceu aí fora. O homem que atirou em mim foi contratado por ele, para atirar e matar você. Em toda sua maldade, meu pai me conhecia tão bem que sabia que eu não deixaria aquele tiro atingir você, indefeso como estava. Ele sabia que eu preferia morrer no seu lugar; como também sabia que eu não teria coragem de atirar em você nunca... mesmo que disso dependesse... sua libertação. Não sei se lamento ou se me alegro pela minha fraqueza.

Ela começou a chorar. Sílvio beijou suas mãos e seu rosto.

- Não chora. Acabou tudo.

- Me perdoa!

- Perdoar você por quase ter morrido por mim? Perdôo sim, mas com uma condição.

- Qual?

- Você vai ter que cumprir uma pena longa, muito longa.

- Uma pena? – ela perguntou sorrindo.

- É, ele respondeu, sorrindo também, beijando sua boca. – Viver por mim... e pra mim.

Ela sorriu e tocou seu rosto.

- Com prazer.

Os dois se beijaram apaixonados.

Enquanto isso, Alexandre havia ido para a praia e começou a andar sozinho, pensando no que o amigo estaria pensando dele naquele momento. Já não tinha mais certeza de que tinha feito bem em mentir e no que daria aquela mentira, mas não poderia ter contado a verdade.

Não sabia se Sílvio entenderia se ele dissesse que Aline tinha ido ao acampamento para atirar nele, ainda que fosse na melhor das intenções.

Estava parado com os pés na água quando ouviu alguém chamá-lo.

- Ei!

Voltou-se rápido e viu Sílvio junto dele. O rapaz tinha se aproximado dele tão rápido e silencioso que Alexandre se assustou.

- Caramba! Você me assustou. Eu não vi você se aproximar.

- Vim voando, disse Sílvio, muito sério, com o rifle nas mãos.

Alexandre olhou para a arma e pressentiu tudo.

- Voando?

- Eu só não vou te matar agora porque quero que você faça uma coisa pra mim, antes.

- O quê?

- Não vai pedir pela sua vida? Não vai nem lutar por ela?

Alexandre balançou a cabeça negando.

- Por quê? Você não acha que merece viver ou é um covarde?

- Eu quase te matei duas vezes... É mais do que justo que você me mate uma.

Sílvio riu e aproximou-se dele, abraçando-o com força. Alexandre se encolheu de início, mas depois relaxou e não entendeu nada.

- Pega isso, Sílvio falou, entregando-lhe o rifle.

- Você... não vai me matar?

- Vou... mas só se você não jogar essa porcaria no mar agora mesmo.

Alexandre olhou para ele, depois para o rifle e sorriu, aliviado.

- Tiros, nunca mais, falou Sílvio. – Promete?

Alexandre segurou a arma pelo cano e jogou-a com força no mar.

- Nunca mais. Prometido.

Apertaram-se as mãos e voltaram juntos para a aldeia.

SELVA SILVIO SELVA SILVIO SELVA SILVIO SELVA SILVIO SELVA

ÚLTIMO CAPÍTULO... À TARDE... SE DEUS QUISER!

SELVA

TIROS, NUNCA MAIS - CAPÍTULO 14

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

FAZEI DE NÓS INSTRUMENTOS DE VOSSA PAZ!

NÃO PERMITA QUE NOS APARTEMOS DE VÓS

OBRIGADA POR PODERMOS SONHAR!

DEUS ABENÇOE A TODOS!

BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 09/10/2020
Código do texto: T7083187
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.