A forca da lei...?
E Tininho não cabia em si de contentamento naquela primeira manhã de trabalho, em que como office-boy lhe dava aquela segurança de que agora seria um garoto respeitado. Logo, retomaria os estudos, ganharia sua grana regularmente e encheria a mãe de orgulho por ser arrimo da casa...
E tão cheio de si se sentia, apesar da fome atávica que o perseguia, que, ali no elevador abarrotado de encantadoras jovens secretárias e de circunspectos senhores engravatados, naquele calor de rachar taquara, o miúdo Tininho não resistiu e, de forma estridente, fugazes gases expeliu...
Lívido, o garoto não teve tempo de se desculpar...de imediato, uma voz tonitruante o ameaçou aos gritos:
- Seu tiziu, moleque, vagabundo, raça ruim, vou enchê-lo de porrada...seu safado, como ousou peidar na frente de minha mulher.?..Sou desembargador, e vou usar toda a força da lei para aplicar-lhe uma punição de regra por quebrar o decoro de um lugar público...
Encantoado, aos soluços, o menino, na sua singeleza de mini-cidadão
impotente diante do lawfare rompante, simplesmente respondeu?\:
- Mas como é que eu ia saber que a vez era dela?