SELVA - ALINE - CAP. 9

SELVA

ALINE – CAPÍTULO IX

Descendo à aldeia, Alexandre começou a conversar com alguns pescadores para saber de banalidades inicialmente. Disse ser biólogo que estava ali pesquisando frutos do mar e precisava da ajuda deles.

Os homens, de início, muito sérios, e muito desacostumados com conversar fúteis, não disseram nem que sim nem que não. O que já foi de grande ajuda para Alexandre. Pelo menos não o expulsaram.

Sentou-se num banco rústico, num armazém improvisado, onde os homens tinham o hábito de tomar uma bebida e conversar nas horas de descanso e ficou ali ouvindo tudo.

O sol estava bastante quente e preguiçoso. Depois de alguns minutos, a monotonia fez Alexandre começar a sentir certa sonolência e ele resolveu esticar as pernas. Deixou a mochila com o dono do armazém com quem já tinha feito alguma amizade e foi andar pela praia, observando outros pescadores em seu trabalho diário.

Uns recolhiam os peixes que acabavam de pescar em redes enormes dentro dos barcos; outros consertavam suas redes e barcos e outro grupo verificava arpões com que caçavam animais maiores, como marlins e tubarões.

Foi no meio daquele passeio que Alexandre viu, a poucos metros dele, sentada na areia da praia, sozinha, Aline, olhando para o mar, com um chapéu branco de abas largas na mão.

Ele olhou em volta para se certificar de que não havia perigo nenhum a vista e aproximou-se dela com cuidado para não assustá-la outra vez.

- Oi, falou, abaixando-se a alguma distância dela.

A moça olhou para ele, só então ele percebeu como ela era realmente linda. Majestosa como o nome. Seus olhos eram de um azul claro e penetrante, como ele nunca tinha visto igual. Imaginou que se ela e Sílvio se casassem, teriam filhos igualmente lindos como ela.

- Oi... ela respondeu.

- Você mora por aqui?

Ela hesitou em responder, mas o reconheceu de algum lugar. Alexandre sorriu.

- Desculpa, isso não é uma cantada... Eu sou meio turista por aqui, sou biólogo. Estou querendo fazer amizades com o pessoal da aldeia e vi você sozinha... Os pescadores não são de muita conversa...

- Eu estou aqui por pouco tempo também. Eu tenho a impressão... de que já o vi.

- Talvez... No rio, lembra?

- No rio... ela falou, sorrindo. – Você me assustou.

- Sem intenção, acredite. Peço desculpas.

- Eu fui uma boba. Não tem o que desculpar. Como é seu nome?

- Alexandre, às suas ordens.

Aline sorriu.

- O meu é...

- Aline, ele antecipou-se.

- Como você sabe?

- Eu sei que você vai viajar com seu pai pra África em breve, não é?

- Mas...

Ele fez um gesto pedindo silêncio e olhou mais uma vez em volta.

- O Sílvio está lá em cima, no penhasco, e quer te ver.

- Você o conhece? Você o viu? Como ele está?

- Está bem, mas desesperado. Nós temos que achar logo um jeito de acabar com a brincadeirinha que seu pai fez pra ele e libertá-lo disso.

- Se eu soubesse já teria feito de tudo para livrá-lo. Tenho vontade de morrer, quando penso que faço parte dessa desgraça em que meu pai o meteu. Não posso nem pensar em vê-lo. Não posso nem olhar pra ele!

- Mas ele quer ver você de qualquer jeito.

- Como? Onde?

- Aqui mesmo. Ao anoitecer, hoje, chegue até a praia e fique perto da água. Ele vai estar aqui.

Ela concordou e sorriu, esperançosa.

- Eu tenho que ir.

- Diga a ele que eu o amo e que sinto muito por tudo.

- Ele sabe e ele também não te esquece. Continue confiando nele.

Alexandre afastou-se e subiu novamente o penhasco, indo dizer a Sílvio sobre seu plano.

- Ela vai estar na praia ao anoitecer.

- Você viu o velho?

- Não, mas vou tentar falar com ele também, quando voltar à aldeia. Vou ver até que ponto esse homem é mau ou se é só um bruxo enciumado da filha bonita. Se eu fosse pai dela, não deixaria pra qualquer um não. Ela é linda demais mesmo.

- Esse qualquer um sou eu! – Sílvio falou. – Você não está um pouco entusiasmado demais, não?

- Desculpe. Eu não quis dizer isso. Você é o cara perfeito pra ela. Vocês vão ter aguiazinhas ou leõezinhos muito lindos. Ah, e ela mandou dizer que te ama muito.

Sílvio balançou a cabeça e continuou limpando a arma.

- Obrigado por isso. Te devo mais uma.

- Coloque o seu melhor disfarce e prepare-se porque já está anoitecendo. Você vai de que dessa vez? Tubarão, golfinho, sardinha...?

Sílvio colocou a arma sobre a mesa e respirou fundo.

- Eu não pensei nisso ainda, mas talvez essa seja a última vez... Nem me importo mais com isso.

- Como assim?

Sílvio não respondeu. Alexandre percebeu que ele estava desanimado e falou:

- Bom, eu vou voltar para aldeia e tentar me enturmar mais. Vou dormir por lá pra não levantar suspeitas.

- Alexandre...

- Quê?

- Se alguma coisa me acontecer... diga a ela que eu espero por ela onde estiver...

Alexandre ficou olhando para ele, sentindo a garganta apertar.

- Larga de gracinha, cara. Vai dar tudo certo. Tchau.

Deu as costas e saiu.

SELVA SILVIO SELVA SILVIO SELVA SILVIO SELVA SILVIO SELVA

SELVA

ALINE - CAPÍTULO 9

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

FAZEI DE NÓS INSTRUMENTOS DE VOSSA PAZ!

NÃO PERMITA QUE NOS APARTEMOS DE VÓS

OBRIGADA POR PODERMOS SONHAR!

DEUS ABENÇOE A TODOS!

BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 07/10/2020
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