SELVA - TIRO AO ALVO - CAP. 7
SELVA
TIRO AO ALVO – CAPÍTULO VII
Os dois rapazes passaram a tarde disputando tiro ao alvo com arco e flecha nos galhos das arvores e Alexandre, pela primeira vez em muitos anos, perdeu todas para Sílvio que tinha a mira tão perfeita como se nunca tivesse feito outra coisa na vida.
Após o último tiro, Alexandre jogou seu arco no chão e foi sentar-se num tronco de árvores caído.
- Desisto...
Sílvio riu, abrindo os braços.
- Eu também... Estou há um tempão tentando errar e não consigo.
- Muito engraçado, pra cima de mim?
- Estou falando sério. Pra errar eu vou ter que mirar em você ou não mirar no alvo que você sugere!
- Eu tenho troféus de tiro ao alvo em casa, cara! Onde você aprendeu a atirar assim?
- Nunca aprendi, disse ele, sentando-se a seu lado.
- Nunca? Ah, chega de gozação, tá?
- É sério! Foi a primeira vez que eu testei minha mira com arco e flecha. Eu falei que costumava vir caçar e vinha, mas com rifle, espingarda, armas de fogo. Mas nunca tive boa pontaria com nada. Era um péssimo caçador. Era mais por diversão mesmo.
- Você está me gozando!
- Não estou, Alexandre, é sério.
- O instinto animal novamente?
Sílvio deu de ombros e sorriu.
- Cara, começo a ter inveja de você, sabia?
Sílvio apanhou o rifle, armou-o e ergueu-o, mirando contra um cacho de cocos no alto de um coqueiro. Atirou e o cacho caiu no chão.
- O café está servido...
Alexandre riu.
Pouco mais tarde, quase ao anoitecer, Alexandre estava deitado em sua cama, tentando cochilar, enquanto Sílvio havia ficado na varanda, sentado nos degraus, vigiando a mata como a espera de alguma coisa. De repente ouviu o barulho de folhas e algo se movendo no mato. Apanhou o rifle com cuidado e esperou.
A figura de um homem muito gordo e baixo apareceu por trás das árvores e parou a alguns metros dele, olhando-o assustado.
- Você de novo... disse o rapaz com ódio na voz, erguendo o rifle para ele.
- Não atire! Não atire! Eu só vim trazer um recado do patrão!
- Dá o fora daqui ou eu... Sílvio falou engatilhando a arma.
- É importante e acho que o senhor precisa saber! Por favor, não atire! – o homem disse, com as mãos erguidas.
Alexandre ouviu as vozes deles, levantou-se da cama e correu até lá.
- Quem é esse cara, Sílvio?
- Um verme que compactua com aquele velho maldito.
- Eu só cumpro ordens, falou o homem. – Só vim dar um recado.
- Fala logo e some daqui!
- Meu patrão manda dizer que está indo com a menina Aline para o litoral norte, de lá ele vai viajar para o continente africano com ela.
Sílvio baixou o rifle.
- África...! – murmurou.
Alexandre investiu contra o baixinho e o agarrou pela gola da camisa.
- Você deve saber das artimanhas do seu patrãozinho do mal, não é não, coisinha feia?
- Eu não sei de nada! Me larga! Não sei de nada!
- Solta ele, Alexandre, pediu Sílvio. – Ele não sabe mesmo de nada. É só um coitado. E mesmo que ele soubesse, não diria. Ele morre de medo do velho também. Solta ele.
Alexandre soltou o homem que saiu correndo, mas ainda voltou-se para dizer:
- A menina Aline manda dizer também que o ama e que não para de confiar no senhor.
E sumiu no meio da mata, correndo. Sílvio voltou a sentar-se no degrau da escada e colocou a cabeça nas mãos.
- África...!
- Vamos segui-los?
- Pra quê? Como? A África não é ali na esquina, não sei se você já estudou Geografia.
- A gente precisa encontrar uma solução pro seu caso, Sílvio. Você não pode desistir agora! Você ouviu o cara falar. A Aline não deixou de confiar em você. Desistir de você é desistir dela.
Sílvio pensou e decidiu:
- Tudo bem. Mas se eu não conseguir tirar a Aline dele dessa vez... não vou querer viver mais um ano desse jeito. Ou eu o mato... ou ele me mata.
SELVA SILVIO SELVA SILVIO SELVA SILVIO SELVA SILVIO SELVA
SELVA
TIRO AO ALVO - CAPÍTULO 7
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
FAZEI DE NÓS INSTRUMENTOS DE VOSSA PAZ!
NÃO PERMITA QUE NOS APARTEMOS DE VÓS
OBRIGADA POR PODERMOS SONHAR!
DEUS ABENÇOE A TODOS!
BOM DIA!