SELVA - CAÇA - CAP. 1
SELVA
CAÇA – CAPÍTULO I
Há três dias, Alexandre se sentava no mesmo local no meio da mata para observar a águia que sobrevoava sua cabana como se quisesse alguma coisa. Ele não era de desperdiçar boas oportunidades e a ave lhe parecia uma boa caça. Mas, toda vez que fazia uma boa mira para atirar no animal, a ave voava para longe do alcance de sua espingarda, como se o visse ou pressentisse sua presença.
Mas daquela vez, Alexandre havia tomado suas precauções. Não se deixou mostrar de forma alguma e escondeu-se por entre as folhas das árvores. Não perderia aquela oportunidade outra vez por nada no mundo.
O pássaro parecia ter horário certo para sobrevoar por ali. Novamente estava ele lá, imponente, voando em círculos como se fizesse reconhecimento da região.
Alexandre preparou o rifle com cuidado e, ao perceber a mira mais certa, atirou e atingiu o bicho em cheio. Quando viu-se vingado pelos três dias de espera, gritou de alegria e saiu correndo na direção em que o animal tinha caído. Mal podia conter sua alegria. Foi encontrar a águia numa clareira, caída no chão, impossibilitada de voar. O pio doloroso da ave quase o deixou penalizado, mas um bom caçador não tinha pena de sua presa. Era o que dizia seu pai.
Tratou de imobilizar o pássaro e dirigiu-se novamente para a cabana, satisfeito e orgulhoso de si mesmo.
Chegou à cabana quase ao anoitecer. Colocou sua caça no galpão onde guardava suas ferramentas e objetos de caça e entrou na casa para tomar um copo de água. A boca estava seca, pois havia saído muito cedo e não havia levado seu cantil.
Mas, ao voltar ao galpão, não encontrou a ave. Viu apenas a porta bater como se alguém houvesse saído por ali naquele momento. Não deixou por menos. Apanhou novamente o rifle e correu atrás do maldito ladrão que surgira não se sabe de onde.
Viu ainda o vulto correndo não muito rapidamente pelo mato e atribuiu a pouca velocidade ao peso da ave. Correndo mais rápido que o ladrão, conseguiu alcançá-lo e, a certa distância, parou e gritou:
- É melhor parar, ou quem vai levar chumbo agora é você, cara! Paradinho aí ou eu atiro em você!
O homem parou e encostou-se numa árvore. Alexandre aproximou-se dele cautelosamente, apontando-lhe sempre o rifle, e percebeu que não estava carregando a águia.
- Cadê o bicho? – perguntou.
Não recebeu resposta. Alexandre percebeu que o ladrão não passava de um rapaz de mais ou menos sua idade e não parecia em nada com um ladrão comum.
Suas roupas, apesar de sujas, não parecia ser de nenhum morador das redondezas. O rapaz apenas olhava para ele ofegante pela corrida e parecia muito pálido. Tinha cabelos claros e olhos azuis muito tristes.
- Foi você que roubou minha águia, não foi?
- Não... Eu não roubei nada...
Depois de dizer isso, o rapaz caiu no chão, desmaiado, e Alexandre não entendeu mais nada. Imaginando ser um truque ficou com medo de se aproximar.
- Não vem com essa, não, malandro. Levanta e para com isso. Essa é velha.
O rapaz não se mexeu. Ele aproximou-se mais e percebeu que seu ombro direito sangrava. Largou o rifle e tratou de acudi-lo.
Com algum esforço, ergueu o rapaz do chão e conseguiu levá-lo para a cabana, colocando-o em sua cama. Tratou do ferimento e viu que o rapaz tinha sido baleado. Extraiu a bala e conseguiu baixar a febre leve que ele tinha com remédios que havia trazido com ele, com meios que seu pai tinha lhe ensinado para emergências.
Ficou acordado a noite inteira, temendo que o novo hóspede acordasse e precisasse de alguma coisa. Sentou-se numa cadeira, ao lado dele, e tentava imaginar de onde havia aparecido aquele personagem tão estranho e o que tinha feito com seu pássaro, que tinha dado tanto trabalho para ser caçado.
Apoiou a cabeça no encosto da cadeira e acabou por cochilar, devido ao cansaço. Acordou com o barulho na porta. O moço tentava fugir.
SELVA SILVIO SELVA SILVIO SELVA SILVIO SELVA SILVIO SELVA
SELVA
CAÇA - CAPÍTULO 1
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
FAZEI DE MIM UM INSTRUMENTO DE VOSSA PAZ!
NÃO PERMITA QUE EU ME APARTE DE VÓS
OBRIGADA POR EU PODER SONHAR
SONHAR É DE GRAÇA!
BOM DIA E OBRIGADA!