Rainha Corona e Seu Cavalo Vírus

Era uma vez um reino sem encanto algum, chamado ODMUN.

A falta de encanto nesse reino dava-se por que ele era governado por uma rainha chamada Corona que só saía do Castelo se fosse montada no seu Cavalo Virus.

É claro que não há mal nenhum uma rainha querer passear pelo seu reino montada em seu cavalo. Porém, havia um decreto no reino ODNUM criado pela própria Rainha Corona: *"toda vez que a Rainha Corona saía no seu Cavalo Vírus, ninguém deveria estar fora de suas casas"*.

Todos poderiam deixar janelas e portas abertas e espiar de dentro de suas próprias casas a beleza que era o passeio de Corona e Vírus, mas jamais chegar perto deles.

Então, sempre que saía do castelo para passear, a Rainha Corona ordenava o Mensageiro a alertar o povoado.

Um dia saía ela pela rua esquerda.

Outro dia, pela rua direita.

Independente da rua que ela saísse, todos eram avisados e deveriam estar dentro de suas casas.

Mas, aconteceu que um dia o povoado não foi avisado sobre o passeio habitual de Corona e Vírus e estavam todos pelas ruas do reino ODNUM.

Quando de repente ouviu-se o galope do oponente Cavalo Vírus e montada nele a Majestosa Rainha Corona.

Pânico geral. Os que podiam correr corriam e entravam em suas casas. Os que não podiam correr, a Rainha Corona ordenava que fossem presos na torre mais alta do seu Castelo.

Daqueles pegos e presos,

eram os que não podiam correr: na sua maioria os mais velhinhos. E os outros eram aqueles que não tinham fôlego para correr mais que os soldados da Rainha: tinham a respiração fraca.

Até que uma velhinha de nome ARUC, bastante conhecida no povoado, parou na frente da Rainha montada em seu cavalo e tentou dialogar dizendo: *- "Majestade! Nós não fomos avisados de que Vossa Alteza desceria as Ruas do Castelo. Nem pela direita, nem pela esquerda. Acha mesmo necessário nos prender por algo que não cometemos? Já não basta nos prender em nossas próprias casas quando vossa Alteza passa e avisa.

Quando passa e não avisa quer nos prender do mesmo jeito? Algo está errado não está?*

A Rainha Corona nem desceu do seu cavalo e lá de cima, soltou uma gargalhada. Em seguida, falou para a pobre velhinha: *"Ora, essa! Cale-se! Como usar dirigir suas palavras a sua Rainha a quem deves distância e temor? Cale-se imediatamente e fique proibidida de dirigir uma palavra tua a me dar conselhos! Nem vos conheço! Nem sei que és! Realmente, algo não está certo, sua velha tola!".*

A velha ARUC, então, respirou fundo com pouco ar que ele podia, rasgou uma tira de pano de sua saia e amarrou-a em sua boca como uma mordaça. Dando prova a Rainha Corona de que palavra nenhuma sairia de sua própria boca.

*- Prendam-na!* _Ordenou a Rainha Corona aos seus soldados._

Mas, antes de ser presa, a velha ARUC levantou os braços para os céus e começou a esfregar as mãos com movimentos leves e precisos, parecia estar lavando as mãos daquela culpa.

*- "O que fazes?"*, _quis saber a Rainha._

Mas, a Velha ARUC não podia mais falar. Estava com a boca amordaçada com a tira de pano da própria saia.

Nisso, ouviu-se um trovão ensurdecedor e começou a chover.

A Velha ARUC começou a lavar suas mãos na água da chuva e, de olhos fechados, parecia sorrir por baixo do pano na boca.

A Rainha Corona odiava chuva.

Tentou escapar, mas não deu tempo. Quando voltou para o castelo já estava toda molhada.

Em pouco tempo a Rainha Corona teve gripe, febre, tosse, falta de ar,dor no corpo e depois de 40 dias trancada no Castelo, sem poder fazer seus passeios pelo povoado, morreu. O cavalo Virus tinha sido visto pela última vez, apavorado e correndo pelo povoado, sumindo na floresta ali próxima e até hoje não se ouviu mais falar dele.

O Rei ZAP assumiu o trono e passou a governar o Reino ODNUM.

O Rei ZAP soube da façanha da velha ARUC e a convidou para ser Conselheira do Reino que agora parecia encantado, pois o Rei ZAP podia sair pelo povoado, como e quando bem entendesse e a pé.

Todos podiam vê-lo. Todos os aplaudiam. Todos os respeitavam.

E só podiam tocar nas vestes do Rei ou apertar suas mãos, aqueles que, antes disso, tivessem lavado bem as suas mãos, mostrando limpeza de alma e absolvendo-se de toda e qualquer culpa que viessem a ser acusados.

Se viveram felizes para sempre, aí já é uma outra história.

O que eu sei é que viveram muitos anos com saúde, trabalho, fartura e paz.