A casa
A casa era pequena.
Longe da vila, ficava no alto de um morro à beira de um precipício que mergulhava nas pedras pontiagudas banhadas pela água revolta do mar azul. Sempre estivera ali, desafiando a gravidade e a curiosidade de todos. Os mais antigos diziam lembrar dos tempos em que fora construída, ainda na época das carruagens, quando, com a ajuda de um batalhão de pequenos construtores, um engenheiro vindo do exterior a erguera da noite para o dia - literalmente da noite para o dia, pois, como se tivessem medo do sol, só começavam a trabalhar após a chegada do crepúsculo, construindo-a inteiramente ao luar, sob teto estrelado. Talvez esta fosse a causa de ela evocar e suscitar tantas histórias fantásticas. Para uns, era sinônimo de sorte. Se proferidos à Lua Cheia ao tempo que se jogava uma moeda ao mar, os encantos jurados sob a visão da casa se confirmavam até a lua seguinte. Para outros, no entanto, como cemitério, encruzilhada ou gato preto, [a casa] era azar puro, devendo sua imagem ser contrabalançada por muitos sinais da Cruz riscados contra a testa ou o peito de quem a via. Muitos se recusavam até a estender-lhe os olhos. Para estes, a casa era mal-assombrada, abrigando fantasmas de muitas gerações, desses que arrastam correntes e gritam feito loucos, entremeando choros com gargalhadas estridentes.
Ninguém tinha certeza, mas a casa parecia abandonada, fazia tempo. Sem vizinhos, não havia lembrança de que, nos últimos anos, alguém tivesse sido visto através de alguma das inúmeras janelas, na varanda, no largo alpendre ou, mesmo, nas cercanias da casa. Estranhamente, não havia sinal de abandono. A casa permanecia limpa, cuidada e com o jardim em flor. Era como se fosse habitada por seres invisíveis.
Uma coisa era certa. Havia algo de diferente naquela casa.
Deixando o mistério da 'casa do morro' (como todos a chamavam) para os desocupados e fofoqueiros da vila, a vida continuava. Carros buzinavam, lojas anunciavam ofertas, crianças iam às escolas, namorados e aposentados desfrutavam a praça, carpideiras esgoelavam velórios, boêmios entravam e saiam de intermináveis ressacas, políticos se fingiam rogados frente aos céus prometidos nas últimas eleições, padres e pastores trocavam insultos disputando a fé dos fiéis, meninos jogavam bola e se machucavam em brigas à toa, meninas suspiravam e espalhavam suspiros, banqueiros armavam arapucas, agiotas contavam moedas, solitários rejeitavam o amor declamado pelos poetas e vendido pelas mariposas, jovens sonhavam o futuro e, conforme o caso, velhos tentavam esquecer ou reviver o passado. Tudo como em qualquer outro lugar do mundo de Deus.
Um dia, por conta de um inesperado temporal, sem alternativa, em meio à copiosa chuva de raios e trovões, muitos tiveram de buscar abrigo na 'casa do morro'. Chegados em momentos diferentes, nenhum deles encontrou qualquer um dos outros.
O primeiro foi Hércules Araújo Pinto, que saíra de casa nos primeiros minutos do alvorecer em busca de socorro para o pequeno Alfredo, vítima da febre assassina de muitos velhos e crianças da região. Estava desesperado. Segundo a velha sogra, a última esperança de cura era uma rara vacina só disponível na capital do Estado.
Atormentado com a possibilidade de perder o filho, seu único tesouro - prova física do amor que o unira para todo o sempre a Rosa, a mulher que, sem aviso, fora-lhe arrancada no ano anterior pela morte -, Hércules caminhava com o rosto molhado pelas lágrimas e pela chuva fina, misturando orações, evocações de alegrias do passado e tristezas do presente, esperanças quanto ao futuro e, cada vez mais, questionamentos sobre se compensava ser bom como fazia questão de ser. De repente, numa inesperada reviravolta do Tempo, o chuvisco converteu-se em tormenta e, sob inacreditável chuva de raios, quase sem ver por onde andava, Hércules foi forçado a procurar abrigo.
Completamente desorientado, praticamente empurrado pela tempestade, o homem guiou-se pela trilha rarefeita aberta na relva e, sem alternativa, entrou na primeira casa que apareceu. Sem saber que estava na 'casa do morro', Hércules gritou pelos moradores. O silêncio funcionou como um convite e, abraçando o próprio corpo para proteger-se das sucessivas rajadas gélidas, entrou na casa, sendo recebido por uma estranha sensação de conforto. Imediatamente envolto por acordes agradáveis, clima suave e essências aromáticas, numa fração de segundo, Hércules esqueceu os tenebrosos ruídos da tempestade e o frio enregelante que fazia lá fora. Surpreso com a repentina bonança, animou-se, chegando, mesmo, a querer prosseguir viagem rumo à vacina da qual dependia a vida do pequeno Alfredo. Esperança vã, pois, tão logo abriu a porta de volta à estrada, foi colhido pela brutal tormenta e, mais uma vez sem alternativa, retornou à tranquilidade daquela casa mágica. Foi quando ouviu a voz de Rosa. Vinda da escadaria, a voz delicada falava de amor, saudades e prometia prazeres e felicidade eterna. Confrontado com o sonho, Hércules esqueceu a responsabilidade e, ciente da impossibilidade de prosseguir viagem e embriagado pela doçura da casa, se deixou atrair pelo encanto. Viveu, então, os melhores momentos da vida. Tomado pela saudade e pela sede, Hércules tomou Rosa por inteiro, se entregando a mais louca das paixões, gozando como nunca gozara, dizendo coisas que nunca dissera, amando como nunca amara.
Quis ficar ali, desfrutando a felicidade que a vida lhe negara nos últimos tempos. Jamais soube por quanto tempo vivera aquele Nirvana, mas, finalmente, completamente exausto, dormiu.
Acordou na própria casa com os gritinhos do pequeno Alfredo, chamando-o para brincar.
Sobre a mesa, o vidro da vacina que fora buscar na capital.
O segundo foi Godofredo Apolinário, que, depois de uma fuga espetacular, escapara ileso do cerco feito pela polícia por horas a fio ao fim da investigação sobre a série de crimes que abalou a vizinha cidade de BeloPonto.
A vida criminosa de Godofredo começou cedo, quando, ainda estudante das primeiras séries do ensino fundamental, no recreio entre as aulas, ao invés de brincar com colegas como todos faziam, usava um bodoque para testar a pontaria contra passarinhos, rãs e lagartixas, comemorando mortes e mutilações com sonoras gargalhadas (anos mais tarde, um parceiro de malvadeza informou que ranhuravam o cabo da baladeira a cada acerto). O tempo passou e, como era de esperar, o DNA disperso pelo sangue que irrigava as veias de Godofredo apurou, tornando-o mais denso para aperfeiçoar as características básicas, incluindo a perversidade. De natureza avessa ao trabalho regular, Godofredo nunca se estabeleceu, saltando de emprego em emprego, sem se adaptar a qualquer deles. Só depois de muito tempo soube-se que, por onde passou, Godofredo deixara um rastro de sangue - no início, de pequenos animais, como ratazanas e pássaros, depois, de animais maiores, como cães e gatos, finalmente, de gente, mesmo. Não era preciso qualquer conhecimento de psiquiatria para sabê-lo desajustado. Mesmo assim, nunca houve conclusão sobre a origem da crueldade desumana que o marcava. Godofredo cometera o primeiro grande crime ainda na puberdade, quando, disposto a sair do mundo vestal, sequestrou e estuprou uma colega de turma e, para não deixar vestígios, depois de matá-la, a esquartejou e a distribuiu aos pedaços aos grandes felinos do pequeno zoológico da universidade. Como das maldades anteriores, aquela também não o abalou. Daí, em diante, sempre que ansiedades, raivas e desejos incontidos desequilibravam-lhe os chacras, alguma violência extrema acontecia. Sem qualquer tipo de preconceito, marcas riscadas na empunhadura da navalha que sucedeu a antiga baladeira apontavam a morte de crianças, jovens, velhas, homossexuais, virgens, religiosas, prostitutas, donas-de-casa, garçonetes e quem mais tivesse entrado em sua alça de mira. Segundo a polícia (que, sem saber das suas manias mórbidas, nunca contara as ranhuras existentes no cabo da navalha), Godofredo fora responsável por doze assassinatos - uma série que, estabelecendo um padrão, terminou por apontar desconfianças em sua direção (mesmo assim, vale dizer, Godofredo só foi descoberto porque falhara ao tentar sequestrar a filha do delegado especial designado para a investigação).
Naquele dia, logo cedo, Godofredo soubera que sua hora estava chegando. Na realidade, desde a véspera - quando, contrariando ao sexto sentido que o mandara suspender a sanguinária diversão, tentara brincar como sempre fizera e uma moça escapara-lhe das mãos -, soubera estar perdido. Era hora de mudar de ares e se estabelecer em outra cidade. Sabendo que sempre haveria lugar aonde se divertir, Godofredo decidiu deixar BeloPonto. Então, livre de qualquer raiz emocional ou material com a cidade, Godofredo jogou umas poucas roupas na mochila e, às pressas, com a inseparável navalha no bolso e as manias de sempre no coração, deixou o apartamento infecto em que morava. Escapou por um triz, pois, cinco minutos mais tarde, ao tempo que tomava a estrada rumo ao desconhecido, chegava a polícia com o mandato de sua prisão.
Instantes mais tarde, quando, praticamente Godofredo corria pela estrada, a tempestade, previamente anunciada e permanentemente acompanhada por raios e trovões cada vez mais severos, se instalou em meio à chuva torrencial que, em segundos, encharcou o solo e reduziu drasticamente a visibilidade, criando, na prática, uma espécie de visgo que dificultava a velocidade como ele empreendia a fuga. A lentidão repentinamente imposta pela chuva exacerbou a ansiedade de Godofredo, despertando-lhe o impulso que tentava conter a duras penas. E, assim, pressionado pela necessidade e atormentado pelo impulso cada vez mais premente, sem ter como prosseguir a viagem, Godofredo decidiu procurar abrigo. Foi quando, milagrosamente, vislumbrou a 'casa do morro'.
Sem maiores preocupações, nem, mesmo, de limpar a lama da bota, sentindo o volume da navalha sob o capote, Godofredo entrou (no fundo, esperava encontrar alguém em quem pudesse, ali mesmo, satisfazer a carência repentina). Para sua decepção, não havia viv'alma na pequena sala. Olhando com vagar, sufocando a própria surpresa, pouco a pouco Godofredo foi reconhecendo os móveis, os quadros, os lustres, os detalhes. Sabendo jamais ter estado naquela casa, Godofredo puxava pela memória, tentando recordar alguma semelhança com outras casas nas quais já estivera para descobrir a razão das lembranças, quando ouviu a voz sensual. "Suba, Godofredo, que estamos esperando, faz tempo", ouviu o homem, sem identificar a voz feminina levemente conhecida. O convite parece ter afetado o chacra proibido, potencializando o impulso, prontamente convertido em desejo sexual incontrolável. Godofredo alisou o cabo da inseparável navalha e iniciou a subida. A cada degrau, sentindo o impacto do DNA explodindo as veias, Godofredo exultava: "hoje vai ter festa".
A festa no primeiro andar não foi exatamente aquela que Godofredo esperava, a começar pela voz, que, numa repentina inflexão, assumiu diversos timbres, percorrendo um espectro que, passando pela sonoridade infantil, chegou a uma entonação coletiva, como se proferida por um pequeno coral. Mesmo confuso, imaginando-se numa espécie de lupanar, Godofredo seguiu uma das vozes até o primeiro quarto, onde, ajustando o olhar à meia luz ambiente, vislumbrou a perna que pendia da cama, num convite explícito à crápula. Sorriu e, disposto a mergulhar na farra, avançou. A marcha libertina estancou ante a visão do corpo esquartejado. Olhou em volta e, com crescente horror, viu, do nada, surgirem as pessoas das quais retirou o prazer que aplacava suas vontades incontroláveis. Godofredo recuou e correu. Não adiantou, pois, para onde virava, como coices na consciência, revia as cenas que tinham dado origem às marcas na navalha, com corpos mutilados e pálidos esparramados sobre poças de sangue.
Horas mais tarde, quando foi localizado zanzando a esmo pela estrada, Godofredo estava em estado catatônico, imerso numa loucura da qual jamais conseguiu sair.
Naquele dia, antes da tempestade perturbar planos e redirecionar destinos pela cidade, os pequenos Marquinhos, Nandinho e Jorginho brincaram bastante. Longe dos pecados e dos interesses normais nos adultos, a trinca 'do barulho', como a eles se referiam as mães, reprisava a rotina cumprida toda tarde após os deveres escolares. Sem apear da bicicleta, Marquinhos convocou os amigos e, em menos de dois minutos contados de relógio, sanduíches engolidos às pressas, lá foram os três pedalando pela cidade, explorando recantos ainda desconhecidos e, mentalmente, anotando tudo o que, um dia, pudesse servir como orientação ou cenário de novas aventuras. Não havia perigo, pois os três capetas (ou anjinhos, conforme o ponto de vista) eram conhecidos, amados e tidos como uma espécie de afilhados por todos.
A seu modo, os três sabiam exatamente o que queriam e, ao falar do futuro, com a segurança própria das crianças, respondiam prontamente, orientando o Destino sobre as preferências desejadas. Marquinhos queria ser mágico para retirar da cartola tudo o que as pessoas pedissem e se tele transportar de um lugar para o outro sempre que quisesse. Nandinho seria ser cientista e, cercado de tubos de ensaio, pipetas e buretas, descobrir uma fórmula capaz de curar todas as doenças e fazer as pessoas viverem para sempre. Jorginho queria ser presidente e ter a chance de mandar fazer as coisas que o povo precisava, quem sabe distribuir sorvete de graça nos feriados. Enquanto esses dias de trabalho não chegavam, a trinca brincava a valer, alimentando, inclusive, planos de construir um esconderijo nos galhos de uma árvore próxima à Escola para acompanhar secretamente os passos do diretor. E, de plano em plano, de traquinagem em traquinagem, o trio atravessava os dias, aproveitando cada minuto. Meia hora mais tarde, lamentando a chegada do momento de interromper as brincadeiras até o dia seguinte, Marquinhos, Nandinho e Jorginho resolveram, como aventura final, pedalar até o outro lado da cidade.
E, como sempre, cheios de sonhos e planos, tomaram a estrada.
Sem parar de falar, Marquinhos assustava os amigos com velhas histórias de piratas quando chegou a tempestade. Eles, ainda, pensaram em voltar para casa, mas o tempo fechou rapidamente e, sem ver quase nada, sem alternativa, procuraram um abrigo. Acontece que, na ânsia de acumular brincadeiras, o trio havia pedalado rápido o suficiente para chegar à periferia da cidade e, agora, estavam muito distantes das próprias casas. A tormenta aumentou, escurecendo o céu e engrossando a chuva, que passou a vir acompanhada de raios e trovões. E, aí, como já acontecera com outras pessoas, praticamente empurrados pela escuridão precoce, pela chuva torrencial e pelo medo dos trovões e raios, Marquinhos, Nandinho e Jorginho chegaram à 'casa do morro' - que conheciam muito bem, sobretudo, das histórias de velhos piratas que ouviam, contavam e recontavam uns aos outros, acrescentando detalhes que as tornavam mais tenebrosas.
Progressivamente encobertos pela escuridão crescente, vendo-se apenas pelas frestas de luz criadas na negritude pelos raios e trovões, tomados pelo misto de frio e medo que os fazia arrepiar da cabeça aos pés, tiritar os dentes e fraquejar as pernas e, há muito, arrependidos de terem iniciado o longo passeio pelas cercanias da cidade, os meninos se abrigaram na varanda da 'casa do morro' (que, diga-se de passagem, talvez em função do contraste com aquilo que viam pela frente, lhes parecia menos assustadora) e ali teriam ficado pelo tempo necessário se não fosse a aparição do velho, que os convidou a entrar. Na ocasião, os meninos ainda pensaram em correr, mas, diante da completa ausência de opção, com os corações em disparada, lentamente, passando ao lado do velho (que, seguramente, devia ser o capitão dos piratas) entraram. Evitando encarar o pirata, os meninos ficaram surpresos, pois, ao invés de barricas e pranchas espalhadas a esmo, viram uma casa como outra qualquer. "Vocês querem pegar um resfriado, marinheiros?", a voz rouca do velho quebrou o silêncio ao tempo que lhes jogava pacotes com roupas limpas e secas. "Troquem-se e voltem. Temos muito trabalho pela frente", comandou. Em instantes, com a fuga já combinada, vestidos como grumetes, os três voltaram à sala e, de imediato, dispostos a enfrentar os perigos escondidos na escuridão, como pequenos bólidos de carne e osso, os três fingiram não ouvir o alerta de cuidado gritado pelo velho capitão e passaram correndo para a porta. Não foi fácil conter a velocidade. A surpresa foi grande. Ao invés da varanda na qual deveriam estar as bicicletas, depararam um convés. Não sabiam como, mas, num estalar de dedos, a casa tinha se transformado em um galeão e, ao invés de cravados no alto de uma sólida colina, estavam no alto mar, jogando ao sabor da grande tempestade. Sob o comando do velho lobo do mar, que não parava de gritar desde o tombadilho, o galeão, que um dia fora a 'casa do morro', singrava ondas gigantescas, adernando de um lado para o outro. Mais uma vez sem alternativa, Marquinhos, Nandinho e Jorginho voltaram e, após cada um receber um apito pirata "que só deve ser usado em caso de extrema necessidade", prometeram obedecer as ordens do velho capitão e, imediatamente, foram encaminhados para o passadiço. Superando rapidamente o medo, os três passaram horas sob a incrível tempestade, correndo da popa à proa e vice-versa verificando mastros e velas, inspecionando escotilhas, mirando o horizonte através de lunetas, consultando bússolas e astrolábios, manuseando o guidom para girar o navio a bombordo ou a estibordo, vendo o nível das provisões, fazendo registros no diário de bordo. "Cuidado!", gritou o capitão, apontando a onda gigantesca prestes a engolir o navio, que começou a girar sobre um inexistente eixo transversal, mergulhando no mar revolto. Aterrorizados, Marquinhos, Nandinho e Jorginho fecharam os olhos com força e se prepararam para o pior.
Ao abrir os olhos um instantinho mais tarde, com as roupas completamente encharcadas, não se viram no mar, mas sim pedalando a toda, cruzando o bairro em que moravam. Nenhum deles parou até se ver em segurança em casa. Ofegantes e, ainda, sem compreender o acontecido, nem se preocuparam em limpar os pés e deixar as roupas molhadas do lado de fora. O importante era estar em casa, em segurança e ouvir a voz da mãe, primeiro mandando "tomar um banho quente e colocar um agasalho para não pegar um resfriado" e, depois, informando sobre o castigo de três dias longe da bicicleta.
Aquela aventura teria se misturado a tantas outras já vividas pelo trio se não fosse pelo antigo apito pirata que Marquinhos, Nandinho e Jorginho passaram a usar pendurado no pescoço, lembrando conselhos de um velho capitão.
No dia seguinte, o sol apareceu e, iluminando um céu completamente azul, manteve-se firme o dia inteiro, abrindo lugar ao final da tarde para uma noite enluarada pontilhada de estrelas de todos os tamanhos. No alto do morro, a casa continuava como sempre: sólida, limpa e, como alguns tiveram a chance de descobrir, pronta para satisfazer os desejos e necessidades de todos que a procuravam.