Vermelha perseguição ou idealização momentânea

Ghedi* pensava no seu sentimento enquanto atravessava aquela vereda sinuosa. Seria necessário raciocinar sobre, para mover-se na direção correta. Até ali só vagava pelo azul noturno. E o pensamento noturno baseava sua vida e lembrava de um ensinamento juvenil que aprendera: “talvez a noite seja para pensar”! Olhava o céu em busca de orientação e, enquanto isso, vagava, vagava e vagava, e com sentimentos à flor da pele reconhecia que o racional deveria nortear a tomada de decisões a partir daquele momento. Percebeu um movimento inesperado na borda e logo situou-se no espaço, e com aquela conclusão tornou-se necessário o retorno de todo o percurso feito até ali.

Ghedi não se preocupava com o caminho, aliás a experiência é a engrenagem motora da vida. Diante do percurso resolveu gritar, apenas gritar sem sentido palavras que nem ele entendia. Talvez o sentimento seja isso: a expressão e a não compreensão. A racionalidade dele ainda persistia e o caminho traçado estava cada vez mais familiar. A situação momentânea ofereceu ao viajante uma belíssima escolha: continuar em frente ou adentrar em uma saída a esquerda.

Escolha feita, o percurso de familiar passou para encantador... Mas não um encanto situado na imaginação, pois a chegada no seu destino era o objetivo central de toda a viagem. De início, o percurso tinha cores do arco-íris e flores de toda natureza, além da fauna exuberante que se fazia presente. Ghedi viu um resquício de iluminação que chegava cada vez mais perto com o andamento da viagem. Aquela paisagem que não se modicava era magnífica e lembrava a vista da chegada dos portugueses ao Brasil. Que fenômeno!

Para o final do percurso, o viajante observou que a luz estava mais distante e aquilo não situava o que acontecia realmente no momento. Lembrava do caminho à esquerda e que a situação o levava aquilo que era o embate durante todo o percurso. Chegou? Chegou! A probabilidade, esta ciência muito pouco compreendida, expressava que a ação tomada no instante do desvio colocou o viajante, Ghedi, no caminho. A chegada era ali. Seu meio de transporte tinha apenas uma característica notável: todo vermelho, de uma ponta a outra!

*Ghedi é um nome de origem africana que significa viajante.

Everton da Fonseca Nunes – xx/xx/xxxx