TORCENDO PARA SEMPRE
Vamos chamar nossa protagonista de Janete.
Janete, uma jovem de 19 anos, solteira, olhos e cabelos claros, estudante universitária e fanática por futebol.
Numa tarde de domingo, maio de 1999, ociosa, resolve ir assistir a um jogo no “puerão”, campo de futebol tradicional da cidade de Timon.
Chegou lá por volta das 16h30 e, como nesses locais a presença de mulheres é quase zero, procurou ficar um pouco afastada a fim de evitar as brincadeirinhas masculinas e/ou ser mal interpretada pelos machões. Sobre os times que jogavam, nada sabia.
De repente, um gol. Gritos, foguetes e o jogador que marcou o gol veio correndo na direção de Janete para mostrar-lhe a mensagem da camiseta por baixo do uniforme do time. Ela só consegue ler parte do escrito: “esse foi pra você...”, os outros jogadores o abraçam. Intrigada, Janete passa o resto do jogo imaginando quem seria a pessoa homenageada com aquele gol. Seria uma namorada? A mãe? Resolve perguntar ao rapaz no final da partida.
A disputa continua e nada mais de gol. O juiz ergue o braço, final de jogo. Janete não tira os olhos do artilheiro e espera-o à margem do campo. Observa-o mais detalhadamente e chega até a esquecer o verdadeiro objetivo da espera.
Eis que ele vem em sua direção, ela encantada. Ele estende-lhe a mão, ela estática. Ele diz: “eu sabia que você vinha”, ela nada compreende. Ele tira a camisa do time, ela lê: “esse foi pra você, meu amor, minha Janete”. Ela quase desmaia. Ele some em meio aos outros jogadores, ela fica bestificada e começa a perguntar a um e a outro quem era aquele rapaz, ninguém sabe. A noite vem caindo, ninguém mais dos times. Quase ninguém no campo e até agora nenhuma dica real sobre o misterioso galã.
Naquela noite Janete não consegue fazer nada. Televisão, livros, pessoas, tudo é vão, nada sossega; a lembrança do sorriso, do olhar, da mensagem escrita... seria coincidência?
Por toda a semana ela tentou descobrir alguma informação, mas ninguém nada soube dizer. No final de semana seguinte ela retorna ao “puerão”, espera até a hora do jogo daquele time. À tarde, o “escrete” volta à cena e o objeto de desejo da jovem não aparece. Desesperada, Janete invade o campo e pergunta atônita por aquele cara que no domingo passado fez um gol assim, assim... Alguns riem ironicamente, outros brincam, até que alguém responde: “ele apareceu de repente, pediu pra jogar, tinha uma vaga e ele entrou no time, disse que queria jogar só pra fazer um gol pra mulher da sua vida, que ela vinha assistir e ele ia fazer o gol. Disse também que vinha todo domingo mas até agora não chegou...”
Janete o procurou através de rádios, jornais, boca a boca e todos os domingos voltou ao campo, até o fim do campeonato. Começou outro. Mais outro. Ela sempre presente. E nunca mais se ouviu falar daquele homem.