QUASE PRIMEIRO AMOR
Outubro de 2001. Era uma quarta-feira pela manhã. Num bairro da periferia da cidade de Timon-MA, um garoto de 7 anos de idade assistia à chegada de um pequeno circo. Pouca gente armava as engrenagens. E ele percebera que não havia cobertura, a lona dava apenas para circular o picadeiro. Eis que de repente o garoto avistou uma menina loirinha, olhos azuis, tranças e um lindo sorriso, ela não ajudava em nada, mas ficava feliz a cada passo dado rumo à montagem da casa de espetáculos. W.F., nosso garoto, resolveu falar com a garota, S. M., perguntar o preço do ingresso, quando seria a estréia, essas coisas! Foi. A garotinha respondeu tudo prontamente e explicou que não ajudava porque um dia, numa dessas montagens, uma das peças da arquibancada maior caiu em sua cabeça e desde então passou a não colaborar nessa tarefa, mas ficava ali, torcendo pra que tudo desse certo. Os garotinhos tornaram-se amigos.
Na sexta-feira, à noite, a estréia. Quase toda a comunidade se dirigiu ao circo, W. F. era o da frente. Adquiriu o ingresso, entrou, não sentou, ficou zanzando pelo circo, procurando sua amiguinha. De repente viu uma fotografia da loirinha colada numa caixa de som. Sentiu sua presença por perto. O espetáculo começou. Mágicos, malabaristas, palhaços, acrobatas, bailarinas e nada de S. M. Fim do show, o garoto resolveu perguntar pela loirinha a um menino do circo, menorzinho. Este o olhou fixamente, meio que sorriu, mas uma lágrima escorreu do seu olho direito e baixando os olhos falou baixinho para S. M.: “você não sabe? Ela foi embora. Mas o papai disse que minha irmã está morando no céu.”