Monólogo
( ao velho Rio Paranaíba)
 

— Oi estou de volta...


 

Ele simplesmente passou sem olhar para ela afinal seu destino era seguir sempre, quer ela fosse embora ou voltasse...



 

— Oi, eu disse que voltaria aqui em agosto lembra?
Ele continuou a seguir com o sol fazendo desenhos prateados em seu leito...





 


— Da última vez eu estava tão apressada e, além disso, deixei os chinelos na margem e não aguentei ficar  andando sobre essas pedras...
Ele continuou calado exceto pelo fato de fazer barulhinhos sobre as pedras redondas e esverdeadas. Era, talvez, seu jeito de falar...




 

— Sabe, nunca pensei que pudesse sentir tanta falta de ti...
Suas águas tornaram-se mais azuladas e como um espelho refletiam a densa margem e o céu...





 

— Contei os dias para estar de volta e te sentir mais uma vez...
Mais uma vez ele não respondeu e então ela pisou em suas águas e esmagou-o com sua saudade e com seu imenso amor.  Mesmo assim ele não disse nada, apenas molhou  a barra de sua calça e seguiu.  Era, talvez, seu melhor jeito de amar...




 

Ela o viu seguir. Ele tinha  esse jeito calmo no inverno, mas com certeza a levaria no verão quando viessem as tempestades se ela ousasse pisar suas águas... Ela entendia essa paixão bipolar.
Calado ele continuava seu curso, mas ela sabia que ele a esperaria sempre entre julho e setembro, jamais fugia de seu destino, enquanto ela...





 

— Talvez eu volte em setembro, mas não tenho certeza se volto... O futuro é incerto...
O rio passou sobre as pedras redondas e escorregadias. Ele sabia que o futuro era incerto, mas não disse nada...




 

— Vou sentir saudades de ti...
Era o monólogo de sempre, mas ela soube que ele a entendia ...
Apressada atravessou a praia de pedras redondas e subiu a velha encosta coberta de folhas secas. 

 



 

— Talvez em setembro...





 



JUSTIFICATIVAS
 
Eu não tinha certeza se voltaria em setembro ao rio, mas voltei no dia 7 com minha irmã e meu cunhado.  Ele continuava lá seguindo seu curso. Certamente o verei de novo só ano que vem, pois quando vierem as chuvas não dá para ir até a ilha. Amo meu Velho Rio Paranaíba. As imagens são minhas e as cliquei em agosto do ano passado e julho e agosto desse ano. Não canso de fotografar meu amor eterno. Cada imagem é uma surpresa linda. Vocês não imaginam como é maravilhoso sentar na praia e ficar só olhando o rio, ou andando, andando. Ficaria assim o dia todo. Espero que não se cansem de tanta imagem, mas foi uma forma de falar  do velho Paranaíba. Palavras não precisam muito. Até mais....