MOÇO RICO-POBRE

TEXTO DO POETA JUCKLIN CELESTINO FILHO

QUE FAÇO A TRANSCRIÇÃO COM MUITO PRAZER

Esta história, faz parte da minha própria historia: Quando deixei minha querida terra Itabuna, aos 23 anos , cheio de esperança e ilusões em busca de melhoria de vida, em outros rincões, e me toquei levado pelo destino, para Salvador, lembrei-me de uma história que nunca haveria de esquecer,

sucedida comigo, o moço pobre , que era amigo de um moço rico, e mesmo ante a amizade nutrida pelos dois, esse último arreliava com o primeiro :

-- Camarada, que fazes com um monte de livros debaixo dos braços? Andas meio corcunda, acusando o peso que te atrofia os ombros! -- sorriu com desdem. -- Não vês, caro amigo pobre, que apenas, perdes tempo, a lugar nenhum lograrás chegar, procedendo qual burro de carga, pensando estar fazendo coisa importante, estudando?! Que perda de tempo! Não és como eu: belo, rico, paparicado, rodeado por pessoas ilustres, e, o predileto das moçoilas casamenteiras, que me cercam, ávidas por um instante de minha atenção. Deu um sorrisinho de mofa: ora bolas! Não preciso estudar, nem trabalhar, já tenho tudo que necessito, para viver sossegado, pelo resto da vida, sem precisar da bobagem de dá duro, me esforçando como se eu fora burro de canga, trabalhando feito escravo, para aumentar a riqueza do patrão e ganhar alguns trocados. Por quem me toma?

Balancei a cabeça, com elevada tristeza:

-' Bom, Rapatel Tel! Dou-lhe os parabéns! E só! Lamento por você, mesmo tão rico. É pobre até demais! Hoje, tem tudo que o dinheiro pode comprar, inclusive, as pessoas que o rodeiam, e as moças que cercam-lhe, igual abelhas sobre o mel. Coitado! Como você é pobre! Se continuar levando esta vida na esbornia, esbanjando a grana do seu pai irresponsavelmente, em pouco tempo quebrará. E mais, sem estudo, sem trabalho, é como ser um mendigo cheio de dinheiro,

pobre de conhecimento. Decerto, poderá acabar na sarjeta! Continuando assim, um dia, haverá de estender a cuia de pedinte.

Passou o tempo. Esqueci completamente de Patel .

De retorno à minha amada terra, após ter ido estudar em Salvador, e ter concluído os estudos com êxito, eu, o moço pobre, ao passar com meu automóvel pelo bairro da Mangabinha, na esquina de uma ruazinha, deparei um mendigo a estender a mão, suplicante:

-- Uma esmola, pelo amor de Deus! Ha dias, que não como.

Ergui os olhos, meu coração quase parou. -'-- --- Meu Deus, que surpresa! Você, Rapatel!... -- exclamou.

-' Eu mesmo, meu pobre rico-amigo!--respondeu, voz quase sumida. – Continuou: Bem que disseste: maior riqueza, é o saber. Não existe traças , nem maus--negócios, que o possam devorar! Tu és o moço rico. Eu, quem diria ? O moço pobre!