O VIRA
Tres vezes o sino bateu
lagartixa pra toca correu
no jirau o velho mancebo
acendeu a tocha de cebo
pra festa de grande aparelho
*
Arrastando a perna de pau
o escangalho leprechaum
dançava no meio da gira
benzendo com ramo de urtiga
marcando a hora do vira
*
No tacho um caldo de ossos
do morcego escavado do fosso
socado no fundo do pântano
cemitério de tudo que é santo
fumegava deitando quebranto
*
A lua no céu luziu
um ganido na mata se ouviu
rosnando igual lobo com fome
rasgando cipós e lianes
das sombras saíu lobisomem
*
As bruxas de corrupio
requebravam num alario
cantando,batendo sapato
curtido a couro de rato
sacodindo as saias de trapos
*
Sirigaitavam em volta do fogo
duendes,sacis e coboldos
enfeitados com penas e plumas
sobras de corvo e coruja
da última vil esconjura
*
Sentado no trono de pedra
lobisomem lambia a tigela
resmungando do pudim de pimenta
adubado com arruda amarguenta
soltando bafo das ventas
*
Surgiu lá das veredas
de cara azeda
o pai do mato
do banquete apartado
apontou o cajado
*
XÔ,bichos da peste
esvaziem a mata
deixem de bater lata
ide estourar pipoca
por aí soltar pandorga
*
Desfizeram o rococó
numa nuvem de pó
desapareceram pelos cipós
nunca mais foram vistos
nem pelos mosquitos
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