O VIRA

Tres vezes o sino bateu

lagartixa pra toca correu

no jirau o velho mancebo

acendeu a tocha de cebo

pra festa de grande aparelho

*

Arrastando a perna de pau

o escangalho leprechaum

dançava no meio da gira

benzendo com ramo de urtiga

marcando a hora do vira

*

No tacho um caldo de ossos

do morcego escavado do fosso

socado no fundo do pântano

cemitério de tudo que é santo

fumegava deitando quebranto

*

A lua no céu luziu

um ganido na mata se ouviu

rosnando igual lobo com fome

rasgando cipós e lianes

das sombras saíu lobisomem

*

As bruxas de corrupio

requebravam num alario

cantando,batendo sapato

curtido a couro de rato

sacodindo as saias de trapos

*

Sirigaitavam em volta do fogo

duendes,sacis e coboldos

enfeitados com penas e plumas

sobras de corvo e coruja

da última vil esconjura

*

Sentado no trono de pedra

lobisomem lambia a tigela

resmungando do pudim de pimenta

adubado com arruda amarguenta

soltando bafo das ventas

*

Surgiu lá das veredas

de cara azeda

o pai do mato

do banquete apartado

apontou o cajado

*

XÔ,bichos da peste

esvaziem a mata

deixem de bater lata

ide estourar pipoca

por aí soltar pandorga

*

Desfizeram o rococó

numa nuvem de pó

desapareceram pelos cipós

nunca mais foram vistos

nem pelos mosquitos

* * * * * *

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 27/07/2019
Reeditado em 17/09/2020
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