Aventuras de um louco
Entrei no hospital depois que avistei um conhecido de boteco - parceiro de porrinha. Ele era enfermeiro e estava de plantão. Era meio dia de sábado, eu estava com fome e sem grana. O enfermeiro me ofereceu a ala que estava sendo inaugurada no hospital com direito a feijoada. Preenchi o formulário pensando em fazer a sesta depois da feijoada. Encontrei aquelas instalações novinhas. Suítes arrojadas e espaço gourmet com viçoso jardim. Fui recepcionado por pessoas em dia de festa. Depois da feijoada, balas de sobremesa. Passei a sentir um sono incrível e entrei na rotina do hotel. Fazia várias refeições. Despertava apenas para fazê-las. Café da manhã com torradas. Almoço e janta reforçada. Café da tarde no espaço gourmet. Ali conheci outros hóspedes do hotel. De tanto fumar, formavam uma esquadrilha da fumaça. Teve um que era como cabineiro de elevador recebendo hóspedes e familiares. O outro era militar, vivia amarrado a tudo do hotel, inclusive à cama. Quando o militar sentiu falta do dinheiro que levara na carteira quando ele entrou ali, logo o cabineiro dissimulou um bate papo no espaço gourmet de que desejava fechar a conta no hotel. Depois me confidenciou que havia escondido o dinheiro por detrás da janela do banheiro que dava pra rua. Em verdade, em verdade vos digo que, ele concretizou a subtração depois que deixou o hotel. Os dias se passavam, mas nunca nos deixavam sem refeições e sobremesa. Ah a sobremesa. Aquelas balinhas pequenininhas que mais pareciam perigosos comprimidos. Sonhava sempre com um anjo de vestes brancas que me cutucava e dizia que eu deveria aguardar na fila porque sempre me encontrava sonhando. Avisei para aquele anjo que desejava fechar a conta no hotel assim como havia feito o cabineiro. Através de sonhos ele dizia que não era a minha vez. Quando acordei percebi que o hotel não servia feijoada. A não ser no primeiro dia. Tentei fazer uma regressão. Dei por mim de que precisava sair dali. Aquele anjo de vestes brancas era um médico. As balinhas realmente eram medicamentos. E o hotel era a ala psiquiátrica de um hospital. O formulário que havia preenchido quando entrei, era o meu prontuário. Não estava hospedado. Mas internado há vários dias. Quando falei para o psiquiatra que era um equívoco, ele falou que eu deveria aguardar na fila e que não era a minha vez. Finalmente quando consegui fechar a conta no hotel, ou melhor, receber alta, o enfermeiro meu conhecido gentilmente despediu de mim e brincou dizendo que eu podia voltar depois pra comer uma feijoadinha.
Entrei no hospital depois que avistei um conhecido de boteco - parceiro de porrinha. Ele era enfermeiro e estava de plantão. Era meio dia de sábado, eu estava com fome e sem grana. O enfermeiro me ofereceu a ala que estava sendo inaugurada no hospital com direito a feijoada. Preenchi o formulário pensando em fazer a sesta depois da feijoada. Encontrei aquelas instalações novinhas. Suítes arrojadas e espaço gourmet com viçoso jardim. Fui recepcionado por pessoas em dia de festa. Depois da feijoada, balas de sobremesa. Passei a sentir um sono incrível e entrei na rotina do hotel. Fazia várias refeições. Despertava apenas para fazê-las. Café da manhã com torradas. Almoço e janta reforçada. Café da tarde no espaço gourmet. Ali conheci outros hóspedes do hotel. De tanto fumar, formavam uma esquadrilha da fumaça. Teve um que era como cabineiro de elevador recebendo hóspedes e familiares. O outro era militar, vivia amarrado a tudo do hotel, inclusive à cama. Quando o militar sentiu falta do dinheiro que levara na carteira quando ele entrou ali, logo o cabineiro dissimulou um bate papo no espaço gourmet de que desejava fechar a conta no hotel. Depois me confidenciou que havia escondido o dinheiro por detrás da janela do banheiro que dava pra rua. Em verdade, em verdade vos digo que, ele concretizou a subtração depois que deixou o hotel. Os dias se passavam, mas nunca nos deixavam sem refeições e sobremesa. Ah a sobremesa. Aquelas balinhas pequenininhas que mais pareciam perigosos comprimidos. Sonhava sempre com um anjo de vestes brancas que me cutucava e dizia que eu deveria aguardar na fila porque sempre me encontrava sonhando. Avisei para aquele anjo que desejava fechar a conta no hotel assim como havia feito o cabineiro. Através de sonhos ele dizia que não era a minha vez. Quando acordei percebi que o hotel não servia feijoada. A não ser no primeiro dia. Tentei fazer uma regressão. Dei por mim de que precisava sair dali. Aquele anjo de vestes brancas era um médico. As balinhas realmente eram medicamentos. E o hotel era a ala psiquiátrica de um hospital. O formulário que havia preenchido quando entrei, era o meu prontuário. Não estava hospedado. Mas internado há vários dias. Quando falei para o psiquiatra que era um equívoco, ele falou que eu deveria aguardar na fila e que não era a minha vez. Finalmente quando consegui fechar a conta no hotel, ou melhor, receber alta, o enfermeiro meu conhecido gentilmente despediu de mim e brincou dizendo que eu podia voltar depois pra comer uma feijoadinha.