De volta aos mortais
Acrópole de Atenas. Templo da Deusa Atena
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10:00 am
O sol esquentava ao mesmo tempo que uma leve brisa refrescava, a motocicleta Harley encostada num canto, enquanto eu observo a cidade, os óculos escuros escondia o brilho dos meus olhos vermelhos, sento num dos degraus e observo os turistas, suspiro.
Liyoto Watanabe se separa dos turistas e vem caminhando em minha direção, o samurai de Jade caminhava lento e atento como um tigre, os olhos serenos, o porte altivo, usava um terno e gravata pretos, assim como a camisa. Eu deveria ter vindo de modo formal também, mas gosto das minhas roupas, jaqueta de couro um moleton, jeans e botas. Não esquecendo também do meu colt m1911 que uso desde a Segunda Grande Guerra:
- Sinto fazê- lo esperar, Blake. Me delegaram pra essa missão em última hora.
Abro meu costumeiro sorriso cínico, aperto a mão que ele me estende e o abraço sem cerimônias. Ele fica visivelmente sem graça:
- Que isso, Dragão de jade! Sem cerimônias, apesar de tudo somos irmãos. Cada um, em sua época, lutou contra os malignos e aqui estamos vivos!!
Um leve sorriso e as lembranças do passado surgem em seu rosto e mente, Liyoto olha para os turistas, assim como eu pode, enxerga os espíritos que não percebem que estão mortos.
- Blake, você alcançou sua divindade, conquistou seus aspectos e virou o único supremo. Por que desistir de tudo agora? Estará tramando alguma artimanha?
- Sabe, Dragão, eu nasci nos campos de batalhas. Como minha casta guerreira, enfrentei anjos, caídos e demônios no Sétimo céu. Fui ferido, quase morto e minha essência quase dissipada. Sabe a graça de se ter o poder de tudo? De poder destruir todos com um estalar de dedos? Pra você, pro Sato e Proteus deve ter algum sentido. Mas não para mim, Dragão. Nasci pra empunhar uma espada, pra sangrar, encontrar minha morte lutando...Como supremo eu fiz o necessário dividi o poder entre vocês, salvei quem eu podia e criei mundos. Agora só quero viver do meu modo entre eles, entre os mortais...quero gozar da minha imortalidade como um arcanjo, não como um Supremo.
Liyoto se aproxima e me olha dentro dos olhos procurando algum traço de mentira.
- Quer dizer que se eu quiser, posso mata- lo? Com um só golpe?
Suspiro e sinto um frio na espinha, ele diz a verdade. Pela primeira vez sinto medo, mas devolvo o olhar e me levanto encarando- o.
- Não será tão fácil irei lutar e usar meus poderes de arcanjo. Mas serão inúteis e sim você irá me destruir, me matar de uma só vez eu creio...
O Dragão de jade se afasta e coça a testa:
- Entendo, como um arcanjo talvez será solicitado para missões de acordo com sua casta. É problema pra você?
- Será problema se for contra meu código, mas confio em vocês. Contém com os meus serviços.
Liyoto aperta minha mão e se afasta, enfio a mão no bolso interno da jaqueta e meus dedos roçam na pistola colt, pego um maço de cigarro e fósforos, antes de tirá- los do bolso alguém fala em meu ouvido:
- Ei, amigo tem um cigarro?
Me surpreendo com a figura de um rapaz, roupa amarrotada social, cabelos com gel alisados para trás , estilos que não são usados há mais de 60 anos. Olho pro fantasma e sorrio:
- Sinto muito amigo esse é o último...
Vou caminhando pra fora do templo me afastando dos fantasmas e dos turistas.
Uma coisa que o Liyoto e os outros fizeram com o passar do tempo foi se acomodar com o poder, não precisam mas vigiar nada...quando era um deles, mesmo com os poderes, eu não abandonava os instintos e nem minhas habilidades, sempre fui bom em caçar e rastrear. Quando andava com os Sioux na América do Norte ou com os índios do Brasil alguns séculos antes, sempre saía pra caçar. Aprimorei o uso das espadas, quando veio as armas de fogo aprendi como funcionavam, minha mira é sobrenatural, não só pelos sentidos ampliados mas também pela prática do Arco e flecha, o segredo é sempre estar atento mesmo quando estiver protegido e cercado de conforto, fique atento sempre.
Algumas horas de vôo depois estou de volta. Pra minha casa em Los Angeles.
Fui seguido por toda viagem, mas não quero que me encontrem, fiz o que faço de melhor, despistei. Peguei um avião pra Washington e de lá fiz algumas viagens por terra, usei um mapa sobrenatural, isso fez a viagem encurtar, cheguei em menos tempo que o previsto e os dois ninjas de Sato ficaram perdidos...
De volta a Los Angeles, entro num bar, eu preciso de uma cerveja...