QUADRA PERFILADA (CLXXXVII)
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‘N.A.: As "QUADRAS PERFILADAS" serão publicadas paulatinamente e seguirão o mesmo entendimento das "TROVAS DO DIA", meu projeto literário encerrado em 10/10/2020, sem o compromisso de datas fixadas. Maiores detalhes na quadra “ÊXTASES”, publicada em 18/06/2021.
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HOMENAGEADA:
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‘N.A.: As "QUADRAS PERFILADAS" serão publicadas paulatinamente e seguirão o mesmo entendimento das "TROVAS DO DIA", meu projeto literário encerrado em 10/10/2020, sem o compromisso de datas fixadas. Maiores detalhes na quadra “ÊXTASES”, publicada em 18/06/2021.
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“GOZO ORIGINAL”
Amar demais não é pecado,
E muito menos o original,
No presente ou no passado,
Amar com gozo não faz mal.
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HOMENAGEADA:
OLGA BENÁRIO (1908/1942)
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UM DE SEUS PENSAMENTOS:
Eu luto ao lado da revolução. Não de um homem.
SEU PERFIL BIOGRÁFICO:
Olga Gutmann Benário Prestes foi uma militante comunista alemã de origem judaica natural de Munique, filha de Eugénie Gutmann Benário e Leo Benário, advogado e membro ativo do Partido Social-Democrata Alemão. Com apenas quinze anos, em 1923, juntou-se à organização juvenil do Partido Comunista Alemão (KPD). Pouco tempo depois, mudou-se para Berlim com seu então namorado Otto Braun, devido a conflitos ideológicos com o pai. Olga ascendeu dentro do movimento comunista alemão após conflitos de rua contra milícias de extrema-direita no bairro de Kreuzberg, próximo a Neukölln. Foi presa e acusada de alta traição à pátria, assim como seu companheiro Braun, porém foi solta pouco tempo depois, enquanto Braun não. Junto de seus companheiros de militância, planejou um assalto à prisão de Moabit para libertar Braun. Fugiram para a União Soviética, onde Olga recebeu treinamento político-militar. Separou-se de Braun em 1931. Olga foi enviada ao Brasil em 1934, por determinação da Internacional Comunista, para apoiar o Partido Comunista Brasileiro, junto de Luís Carlos Prestes — que logo se tornou seu cônjuge —, com o objetivo de liderar uma revolução armada com o apoio de Moscou. Em novembro de 1935, enquanto os preparativos insurrecionais eram planejados, um levante armado estourou na cidade de Natal, o que fez com que Prestes ordenasse que a insurreição fosse estendida ao resto do país. Porém, somente algumas unidades militares de Recife e do Rio de Janeiro sublevaram-se. A insurreição foi fortemente reprimida pelo governo Vargas e muitos líderes comunistas foram presos. O episódio ficou conhecido como Intentona Comunista. Após a Intentona, Olga e Prestes conseguiram viver na clandestinidade por mais alguns meses, mas acabaram presos em 1936. Na prisão, descobriu que estava grávida de Prestes. No mesmo ano foi deportada para a Alemanha, onde foi presa pela Gestapo em 18 de outubro de 1936 e então levada para a Barnimstrasse, prisão de mulheres da Gestapo, onde teve sua filha, Anita Leocádia Prestes, que ficaria em seu poder até o fim do período de amamentação e depois, entregue à avó D. Leocádia. Olga é executada em 23 de abril de 1942, com 34 anos de idade, na câmara de gás com mais 199 prisioneiras, no campo de extermínio de Bernburg. Após a queda da monarquia, instaurou-se um regime formalmente republicano na Alemanha, a chamada República de Weimar. O regime, no entanto, jamais foi aceito pela direita, que o considerava um produto da "traição" do Tratado de Versalhes, nem pela extrema-esquerda comunista, que, esmagada politicamente na repressão ao Levante Espartaquista de 1919, quando foi assassinada Rosa Luxemburgo, desejava instaurar o comunismo na Alemanha e formar uma aliança política com a União Soviética. O conflito entre a direita e esquerda marcou esse período turbulento da história da Alemanha, com lutas armadas entre as milícias paramilitares e diversos homicídios políticos. Neste clima político, em Berlim, Olga ascendeu dentro do movimento comunista depois dos conflitos de rua contra milícias de direita no bairro de Kreuzberg, próximo a Neukölln. Ela foi presa no mesmo dia que Braun, sendo ambos acusados de alta traição à pátria. Ela logo foi solta, mas Braun, não. Junto com seus colegas de militância, planejou então o assalto à prisão de Moabit que libertaria Braun. Logo depois, ambos fugiram para a União Soviética, onde Olga, já como quadro valioso, recebeu treinamento político-militar na Escola Internacional Lenin, trabalhando como instrutora da Seção Juvenil da Internacional Comunista. Durante sua estada na União Soviética, adotou o codinome "Olga Sinek". Separou-se de Braun em 1931. A Internacional Comunista, desde o fim dos anos 1920, havia seguido na Alemanha uma política ultra-esquerdista, fundada na recusa a coligar-se com os sociais-democratas numa frente única contra o nazismo, o que havia contribuído para a chegada de Adolf Hitler ao poder, e a presença de militantes comunistas alemães como Olga no território da União Soviética constituía um embaraço para Josef Stalin, que começou a pensar em engajá-los em alguma espécie de empreendimento que pudesse de alguma forma compensar o fracasso da política stalinista na Alemanha. Luís Carlos Prestes, que desde 1931 estava residindo na União Soviética, em 1934 foi finalmente aceito nos quadros do Partido Comunista Brasileiro (PCB), por pressão do Partido Comunista da União Soviética. Sendo eleito membro da comissão executiva da Internacional Comunista (IC), voltou ao Brasil, via Nova Iorque, como clandestino, em dezembro do mesmo ano, acompanhado de Olga Benário, também membro da IC, passando-se por marido e mulher. Seu objetivo era liderar uma revolução armada, com o apoio de Moscou. Prestes seria acompanhado por um pequeno grupo de quadros, encarregados de auxiliá-lo na preparação da insurreição. Eram eles Inês Tulchniska, Abraham Gurasky, o alemão Arthur Ernest Ewert (que seria mais conhecido no Brasil pelo seu codinome de Harry Berger), sua esposa alemã de origem polonesa Elise Saborovsky, o alemão Leon Jan Jolles Vallée, Boris Kraevsky, o argentino Rodolfo José Ghioldi, Carmen de Alfaya, a própria Olga Benário, Johann de Graaf, Helena Kruger, Pavel Vladimirovich Stuchevski, Sofia Semionova Stuchskaia, Amleto Locatelli, Mendel Mirochevski, Steban Peano, Maria Banejas, o norte-americano Victor Allen Baron e Marcos Youbman. Pavel Vladimirovich Stuchevski, que chefiava o aparelho do Comintern no Rio de Janeiro, coordenava as atividades de sete outros brasileiros de menor projeção dentro da Organização. A política comunista da época - decidida no VI Congresso da Internacional Comunista - favorecia movimentos do tipo Frente de Esquerda em países do Terceiro Mundo, tendo por objetivo a realização de um programa de democratização política interna e de defesa da independência nacional contra o imperialismo, e Prestes parecia aos comunistas a figura adequada para liderar esta espécie de movimento no Brasil. Antes de aprovar a insurreição, a Internacional Comunista estava cética do sucesso de uma revolução no Brasil, mas o Partido Comunista Brasileiro havia exagerado consideravelmente a extensão da sua influência e capacidade revolucionária e, assim, fornecido à Internacional Comunista a perspectiva de um levante comunista vitorioso que compensasse, de alguma forma, a recente derrota na Alemanha. Na época, Moscou criara em Montevidéu, Uruguai, o Secretariado Latino-Americano, que operava clandestinamente e queria aproximar as organizações comunistas da América Latina de Moscou. Olga e Prestes eram apoiados financeira e logisticamente através desta organização. Após o fracasso da Intentona Comunista e a descoberta destas operações, o Uruguai rompeu relações com a União Soviética, no final de 1935. Chegando ao Brasil, Prestes encontrou o movimento recém-constituído denominado Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente política revolucionária de caráter antifascista e anti-imperialista que congregava tenentes, socialistas e comunistas descontentes com o governo de Vargas. O movimento contestava o integralismo de Plínio Salgado, que tinha orientação política próxima ao fascismo. Mesmo clandestino, Prestes foi aclamado presidente de honra da ANL em sua sessão inaugural no Rio de Janeiro. Prestes procurou então aliar o crescimento da ANL, que o prestigiou, com a retomada de antigos contatos no meio militar para criar as bases que julgava serem capazes de deflagrar a tomada do poder no Brasil. Em julho de 1935, divulgou um manifesto incendiário, apelando para os sentimentos nacionalistas das classes médias exigindo "todo o poder" à ANL e a derrubada do governo Vargas. Vargas, no entanto, apoiando-se numa política de defesa da ordem, imediatamente aproveitou a oportunidade e declarou a ANL ilegal, o que não impediu Prestes de continuar a organizar o que acabou por ficar conhecido como a Intentona Comunista. Os preparativos insurrecionais caminhavam quando, em novembro daquele ano de 1935, um levante armado estourou na cidade de Natal, motivado principalmente por fatores locais. Prestes ordenou, então, que a insurreição fosse estendida ao resto do país, porém apenas algumas unidades militares de Recife e Rio de Janeiro sublevaram-se. O plano dos comunistas era tomar o poder de Vargas através de uma insurreição armada, e o governo não mediu esforços para suprimi-la.[ O governo brasileiro logo controlou a situação e desencadeou forte repressão sobre os setores oposicionistas. Muitos líderes comunistas foram presos, alguns deles amigos de Olga e Prestes, como o casal de alemães Artur e Elise Ewert, conhecida como Sabo. Ambos seriam brutalmente seviciados pela polícia brasileira, sob o comando de Filinto Müller, e Artur perderia definitivamente sua sanidade mental no processo. Durante alguns meses, Prestes e Olga conseguiram ainda viver na clandestinidade. No início de 1936, tentando encontrar responsáveis pelo fracasso do levante, Prestes mandou matar a moça de 16 anos Elza Fernandes, namorada do secretário-geral do PCB. Prestes suspeitava que ela fosse informante da polícia, o que mais tarde provou-se um engano. O jornalista William Waack alegou que Olga não se opôs à decisão. Em 5 março de 1936, Olga e Prestes foram capturados pela polícia. Olga foi levada para a Casa de Detenção, posta numa cela junto com mais de dez mulheres, muitas delas conhecidas suas. Neste momento, descobriu estar esperando uma filha de Luís Carlos Prestes. Logo veio a ameaça de deportação para a Alemanha, sob o governo de Hitler, o que consistia em sérios riscos para ela, pelo fato de ser judia e comunista. Começou na Europa um grande movimento pela libertação de Olga e Prestes, encabeçado por D. Leocádia e Lígia Prestes, respectivamente a mãe e a irmã de Luís Carlos Prestes. O julgamento de Olga foi feito segundo os termos formais da ordem constitucional definida pela constituição federal, atendendo a um pedido de extradição do governo nazista. Nos termos da constituição em vigor, o julgamento era legal. O advogado de defesa de Olga pediu um indulto (habeas corpus), argumentando que a extradição era ilegal, pois Olga estava grávida e sua extradição significaria colocar o filho de um brasileiro sob o poder de um governo estrangeiro. Havia também o aspecto humanitário da permanência dela no país: não obstante os campos de concentração nazistas, à época, não funcionarem como aparatos de extermínio, era de conhecimento público que eram centros de detenção extrajudicial onde os internos eram tratados com intensa crueldade. Não obstante tudo isto, o Supremo Tribunal Federal aprovou o pedido de extradição. O ministro da Justiça, Vicente Rao, assinou com Getúlio o ato de expulsão. Olga foi deportada para a Alemanha, juntamente com a amiga Sabo. Getúlio Vargas decretou o estado de sítio após a Intentona como resposta à radicalização político-ideológica no Brasil tanto da direita quanto da esquerda, polarização que estava acontecendo também fora do país. Apesar de o contexto em parte justificar a decisão, em 1998 o então presidente do Supremo, Celso de Mello, declarou que a extradição fora um erro: "O STF cometeu erros, este foi um deles, porque permitiu a entrega de uma pessoa a um regime totalitário como o nazista, uma mulher que estava grávida". Após a decisão, Olga foi transportada para a Alemanha de navio (o cargueiro alemão La Coruña), apesar dos protestos do próprio capitão pela violação do Direito Marítimo internacional - afinal, Olga já estava grávida de sete meses. No porto de Southampton, os serviços de informação ingleses evitaram que comunistas fizessem o resgate de Olga Quando o navio aportou em 18 de outubro de 1936 na Alemanha, oficiais da Gestapo já esperavam por ela, para levá-la presa. Não havia nenhuma acusação contra ela, pois o caso do assalto à prisão de Moabit já prescrevera. No entanto, a legislação nazista autorizava a detenção extrajudicial por tempo indefinido ("custódia protetora") e Olga foi levada para Barnimstrasse, prisão de mulheres da Gestapo, onde teve a filha, que denominou de Anita Leocádia, futura historiadora, professora-adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Anita ficou em poder da mãe até ao fim do período de amamentação e, depois, foi entregue à avó, D. Leocádia, em consequência das pressões da campanha internacional dirigida por Lígia Prestes e pela própria D. Leocádia, que morreria no exílio no México.
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Abraços
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Interações (meus agradecimentos):
01/03/2025 21:12 - Uma Mulher Um Poema
Aproveito a noite inteira,
Para te arrebatar.
Numa felicidade imensa,
Conjugamos o verbo amar.
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UM DE SEUS PENSAMENTOS:
Eu luto ao lado da revolução. Não de um homem.
SEU PERFIL BIOGRÁFICO:
Olga Gutmann Benário Prestes foi uma militante comunista alemã de origem judaica natural de Munique, filha de Eugénie Gutmann Benário e Leo Benário, advogado e membro ativo do Partido Social-Democrata Alemão. Com apenas quinze anos, em 1923, juntou-se à organização juvenil do Partido Comunista Alemão (KPD). Pouco tempo depois, mudou-se para Berlim com seu então namorado Otto Braun, devido a conflitos ideológicos com o pai. Olga ascendeu dentro do movimento comunista alemão após conflitos de rua contra milícias de extrema-direita no bairro de Kreuzberg, próximo a Neukölln. Foi presa e acusada de alta traição à pátria, assim como seu companheiro Braun, porém foi solta pouco tempo depois, enquanto Braun não. Junto de seus companheiros de militância, planejou um assalto à prisão de Moabit para libertar Braun. Fugiram para a União Soviética, onde Olga recebeu treinamento político-militar. Separou-se de Braun em 1931. Olga foi enviada ao Brasil em 1934, por determinação da Internacional Comunista, para apoiar o Partido Comunista Brasileiro, junto de Luís Carlos Prestes — que logo se tornou seu cônjuge —, com o objetivo de liderar uma revolução armada com o apoio de Moscou. Em novembro de 1935, enquanto os preparativos insurrecionais eram planejados, um levante armado estourou na cidade de Natal, o que fez com que Prestes ordenasse que a insurreição fosse estendida ao resto do país. Porém, somente algumas unidades militares de Recife e do Rio de Janeiro sublevaram-se. A insurreição foi fortemente reprimida pelo governo Vargas e muitos líderes comunistas foram presos. O episódio ficou conhecido como Intentona Comunista. Após a Intentona, Olga e Prestes conseguiram viver na clandestinidade por mais alguns meses, mas acabaram presos em 1936. Na prisão, descobriu que estava grávida de Prestes. No mesmo ano foi deportada para a Alemanha, onde foi presa pela Gestapo em 18 de outubro de 1936 e então levada para a Barnimstrasse, prisão de mulheres da Gestapo, onde teve sua filha, Anita Leocádia Prestes, que ficaria em seu poder até o fim do período de amamentação e depois, entregue à avó D. Leocádia. Olga é executada em 23 de abril de 1942, com 34 anos de idade, na câmara de gás com mais 199 prisioneiras, no campo de extermínio de Bernburg. Após a queda da monarquia, instaurou-se um regime formalmente republicano na Alemanha, a chamada República de Weimar. O regime, no entanto, jamais foi aceito pela direita, que o considerava um produto da "traição" do Tratado de Versalhes, nem pela extrema-esquerda comunista, que, esmagada politicamente na repressão ao Levante Espartaquista de 1919, quando foi assassinada Rosa Luxemburgo, desejava instaurar o comunismo na Alemanha e formar uma aliança política com a União Soviética. O conflito entre a direita e esquerda marcou esse período turbulento da história da Alemanha, com lutas armadas entre as milícias paramilitares e diversos homicídios políticos. Neste clima político, em Berlim, Olga ascendeu dentro do movimento comunista depois dos conflitos de rua contra milícias de direita no bairro de Kreuzberg, próximo a Neukölln. Ela foi presa no mesmo dia que Braun, sendo ambos acusados de alta traição à pátria. Ela logo foi solta, mas Braun, não. Junto com seus colegas de militância, planejou então o assalto à prisão de Moabit que libertaria Braun. Logo depois, ambos fugiram para a União Soviética, onde Olga, já como quadro valioso, recebeu treinamento político-militar na Escola Internacional Lenin, trabalhando como instrutora da Seção Juvenil da Internacional Comunista. Durante sua estada na União Soviética, adotou o codinome "Olga Sinek". Separou-se de Braun em 1931. A Internacional Comunista, desde o fim dos anos 1920, havia seguido na Alemanha uma política ultra-esquerdista, fundada na recusa a coligar-se com os sociais-democratas numa frente única contra o nazismo, o que havia contribuído para a chegada de Adolf Hitler ao poder, e a presença de militantes comunistas alemães como Olga no território da União Soviética constituía um embaraço para Josef Stalin, que começou a pensar em engajá-los em alguma espécie de empreendimento que pudesse de alguma forma compensar o fracasso da política stalinista na Alemanha. Luís Carlos Prestes, que desde 1931 estava residindo na União Soviética, em 1934 foi finalmente aceito nos quadros do Partido Comunista Brasileiro (PCB), por pressão do Partido Comunista da União Soviética. Sendo eleito membro da comissão executiva da Internacional Comunista (IC), voltou ao Brasil, via Nova Iorque, como clandestino, em dezembro do mesmo ano, acompanhado de Olga Benário, também membro da IC, passando-se por marido e mulher. Seu objetivo era liderar uma revolução armada, com o apoio de Moscou. Prestes seria acompanhado por um pequeno grupo de quadros, encarregados de auxiliá-lo na preparação da insurreição. Eram eles Inês Tulchniska, Abraham Gurasky, o alemão Arthur Ernest Ewert (que seria mais conhecido no Brasil pelo seu codinome de Harry Berger), sua esposa alemã de origem polonesa Elise Saborovsky, o alemão Leon Jan Jolles Vallée, Boris Kraevsky, o argentino Rodolfo José Ghioldi, Carmen de Alfaya, a própria Olga Benário, Johann de Graaf, Helena Kruger, Pavel Vladimirovich Stuchevski, Sofia Semionova Stuchskaia, Amleto Locatelli, Mendel Mirochevski, Steban Peano, Maria Banejas, o norte-americano Victor Allen Baron e Marcos Youbman. Pavel Vladimirovich Stuchevski, que chefiava o aparelho do Comintern no Rio de Janeiro, coordenava as atividades de sete outros brasileiros de menor projeção dentro da Organização. A política comunista da época - decidida no VI Congresso da Internacional Comunista - favorecia movimentos do tipo Frente de Esquerda em países do Terceiro Mundo, tendo por objetivo a realização de um programa de democratização política interna e de defesa da independência nacional contra o imperialismo, e Prestes parecia aos comunistas a figura adequada para liderar esta espécie de movimento no Brasil. Antes de aprovar a insurreição, a Internacional Comunista estava cética do sucesso de uma revolução no Brasil, mas o Partido Comunista Brasileiro havia exagerado consideravelmente a extensão da sua influência e capacidade revolucionária e, assim, fornecido à Internacional Comunista a perspectiva de um levante comunista vitorioso que compensasse, de alguma forma, a recente derrota na Alemanha. Na época, Moscou criara em Montevidéu, Uruguai, o Secretariado Latino-Americano, que operava clandestinamente e queria aproximar as organizações comunistas da América Latina de Moscou. Olga e Prestes eram apoiados financeira e logisticamente através desta organização. Após o fracasso da Intentona Comunista e a descoberta destas operações, o Uruguai rompeu relações com a União Soviética, no final de 1935. Chegando ao Brasil, Prestes encontrou o movimento recém-constituído denominado Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente política revolucionária de caráter antifascista e anti-imperialista que congregava tenentes, socialistas e comunistas descontentes com o governo de Vargas. O movimento contestava o integralismo de Plínio Salgado, que tinha orientação política próxima ao fascismo. Mesmo clandestino, Prestes foi aclamado presidente de honra da ANL em sua sessão inaugural no Rio de Janeiro. Prestes procurou então aliar o crescimento da ANL, que o prestigiou, com a retomada de antigos contatos no meio militar para criar as bases que julgava serem capazes de deflagrar a tomada do poder no Brasil. Em julho de 1935, divulgou um manifesto incendiário, apelando para os sentimentos nacionalistas das classes médias exigindo "todo o poder" à ANL e a derrubada do governo Vargas. Vargas, no entanto, apoiando-se numa política de defesa da ordem, imediatamente aproveitou a oportunidade e declarou a ANL ilegal, o que não impediu Prestes de continuar a organizar o que acabou por ficar conhecido como a Intentona Comunista. Os preparativos insurrecionais caminhavam quando, em novembro daquele ano de 1935, um levante armado estourou na cidade de Natal, motivado principalmente por fatores locais. Prestes ordenou, então, que a insurreição fosse estendida ao resto do país, porém apenas algumas unidades militares de Recife e Rio de Janeiro sublevaram-se. O plano dos comunistas era tomar o poder de Vargas através de uma insurreição armada, e o governo não mediu esforços para suprimi-la.[ O governo brasileiro logo controlou a situação e desencadeou forte repressão sobre os setores oposicionistas. Muitos líderes comunistas foram presos, alguns deles amigos de Olga e Prestes, como o casal de alemães Artur e Elise Ewert, conhecida como Sabo. Ambos seriam brutalmente seviciados pela polícia brasileira, sob o comando de Filinto Müller, e Artur perderia definitivamente sua sanidade mental no processo. Durante alguns meses, Prestes e Olga conseguiram ainda viver na clandestinidade. No início de 1936, tentando encontrar responsáveis pelo fracasso do levante, Prestes mandou matar a moça de 16 anos Elza Fernandes, namorada do secretário-geral do PCB. Prestes suspeitava que ela fosse informante da polícia, o que mais tarde provou-se um engano. O jornalista William Waack alegou que Olga não se opôs à decisão. Em 5 março de 1936, Olga e Prestes foram capturados pela polícia. Olga foi levada para a Casa de Detenção, posta numa cela junto com mais de dez mulheres, muitas delas conhecidas suas. Neste momento, descobriu estar esperando uma filha de Luís Carlos Prestes. Logo veio a ameaça de deportação para a Alemanha, sob o governo de Hitler, o que consistia em sérios riscos para ela, pelo fato de ser judia e comunista. Começou na Europa um grande movimento pela libertação de Olga e Prestes, encabeçado por D. Leocádia e Lígia Prestes, respectivamente a mãe e a irmã de Luís Carlos Prestes. O julgamento de Olga foi feito segundo os termos formais da ordem constitucional definida pela constituição federal, atendendo a um pedido de extradição do governo nazista. Nos termos da constituição em vigor, o julgamento era legal. O advogado de defesa de Olga pediu um indulto (habeas corpus), argumentando que a extradição era ilegal, pois Olga estava grávida e sua extradição significaria colocar o filho de um brasileiro sob o poder de um governo estrangeiro. Havia também o aspecto humanitário da permanência dela no país: não obstante os campos de concentração nazistas, à época, não funcionarem como aparatos de extermínio, era de conhecimento público que eram centros de detenção extrajudicial onde os internos eram tratados com intensa crueldade. Não obstante tudo isto, o Supremo Tribunal Federal aprovou o pedido de extradição. O ministro da Justiça, Vicente Rao, assinou com Getúlio o ato de expulsão. Olga foi deportada para a Alemanha, juntamente com a amiga Sabo. Getúlio Vargas decretou o estado de sítio após a Intentona como resposta à radicalização político-ideológica no Brasil tanto da direita quanto da esquerda, polarização que estava acontecendo também fora do país. Apesar de o contexto em parte justificar a decisão, em 1998 o então presidente do Supremo, Celso de Mello, declarou que a extradição fora um erro: "O STF cometeu erros, este foi um deles, porque permitiu a entrega de uma pessoa a um regime totalitário como o nazista, uma mulher que estava grávida". Após a decisão, Olga foi transportada para a Alemanha de navio (o cargueiro alemão La Coruña), apesar dos protestos do próprio capitão pela violação do Direito Marítimo internacional - afinal, Olga já estava grávida de sete meses. No porto de Southampton, os serviços de informação ingleses evitaram que comunistas fizessem o resgate de Olga Quando o navio aportou em 18 de outubro de 1936 na Alemanha, oficiais da Gestapo já esperavam por ela, para levá-la presa. Não havia nenhuma acusação contra ela, pois o caso do assalto à prisão de Moabit já prescrevera. No entanto, a legislação nazista autorizava a detenção extrajudicial por tempo indefinido ("custódia protetora") e Olga foi levada para Barnimstrasse, prisão de mulheres da Gestapo, onde teve a filha, que denominou de Anita Leocádia, futura historiadora, professora-adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Anita ficou em poder da mãe até ao fim do período de amamentação e, depois, foi entregue à avó, D. Leocádia, em consequência das pressões da campanha internacional dirigida por Lígia Prestes e pela própria D. Leocádia, que morreria no exílio no México.
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Abraços
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Interações (meus agradecimentos):
01/03/2025 21:12 - Uma Mulher Um Poema
Aproveito a noite inteira,
Para te arrebatar.
Numa felicidade imensa,
Conjugamos o verbo amar.
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