Fúnebre Saudade
Fúnebre Saudade
quando dos olhos sai a procura
como se procurasse a luz
e a tristeza faminta induz
a ir pela rua mais escura
a fome de encontrar é cruz
que pesa que fere que tortura
que amarga a amargura
que é febre que é dor que é pus
quando a lágrima morre prematura
e apodrece e atrai os urubus
não há lázaros não há jesus
não há ressurreição não há cura
o que há são dois olhos nus
dois desertos sem ternura
o que há é uma vontade pura
que só para a morte se conduz
Terceira Pessoa
17 de julho de 2024