Poema à Rua da Aurora — Recife!

I

Os poetas também vivem na Aurora

Onde os raios que são vindos da Lua

Nos momentos afáveis desde outrora

Com as musas se vão brindam na Rua

II

Num sendeiro pequeno um menestrel

Diz em verso brilhante ouve-se a voz!

Sob a ponte princesa então Isabel

— Corre a vida e dispara o tempo algoz

III

No teatro que tem grande renome

Do mais alto escritor — Armorial —,

Pois, “Isaura e Fernando” impõem o nome

De Ariano na prosa universal

IV

Majestoso cinema Oh! São Luiz

Gerações encantaste as mais fiéis

Hoje a gente te vê vivo e feliz

Como autêntico estás lindo tu és

V

Deslumbrante ficaste em Pernambuco

Cuja fama chegou de Sul a Norte

Para a qual regressou Joaquim Nabuco

Onde seu busto está brilhante e forte

VI

Na Duarte Coelho, a ponte armada

Homenagem que foi colonial

Vê-se o Galo passar na Madrugada

Proclamar e cantar meu carnaval

VII

Três poetas estão sempre presentes

Bem às margens do meu Capibaribe

Eis Cabral e Bandeira quão eloquentes

Ariano em estátua em pé se exibe

VIII

Um Palácio tão belo alto azulado.

Cuja imagem exalta clara e viva

De Nabuco relembra o seu passado

Na Assembleia que é Legislativa.

IX

Imponente se encontra outro Palácio

No passado morou um grande Estadista

Semelhante não foi qual flor do Lácio

Mas vivia o Barão da Boa Vista

X

A beleza que encanta alguém que passa

Já que são glamorosas na Cidade

De Recife das pontes vê-se a graça

E na Aurora viveu nossa amizade

XI

No Tavares Buril estão anotados

Os barões os plebeus e até ministros

Na memória do tempo assinalados

Pois a Aurora mantém esses registros

XII

Então, aqui nasce o Atlântico também

Nessa Rua tão clara e tão comprida

No passado, tal dia, certo alguém

Sem querer encontrou o amor da sua vida

XIII

Há na Rua da Aurora alguns sobrados,

Cujas cores são belas e pujantes

E na noite estrelada, os namorados

Sob as águas se amam muito ofegantes

XIV

Em teu meio se fez um monumento.

À "Tortura" que "Nunca Mais" — a traga!

Chama acesa cruel do sofrimento

Que da vida do povo não se apaga

XV

O Ginásio viveu forte esplendor

Escritores lhe dão grande memória

De Zé Lins a Clarice (eterna flor)

Fazem parte e ilustram a sua história

XVI

Tantas festas alegres acontecem

No teu Náutico um Clube mavioso.

No Almirante Barroso permanecem.

As lembranças do tempo esplendoroso

XVII

No “Buraco de Otília” era servida

— A melhor cabidela da Cidade

Mas Otília foi embora dessa vida,

E deixou no Recife sua saudade

XVIII

Logradouro imponente exuberante

Chico Science o poeta vive aqui!

Que seu Mangue se canta assim vibrante

Nas canções que nos dá Nação Zumbi

XIX

Tens início na Ponte (Boa Vista)

Com o teu fim na Ponte do Limoeiro

Teus sobrados da glória Oitocentista

Levam teu nome para o mundo inteiro

XX

Teu deslumbre se vê por toda parte

Nessa Rua que brilha antiga e pura

De museus, poesia, amor e de arte

Que dão formas à tua arquitetura

XXI

Abre o céu perenal intenso azul

Sob as águas do mar que se irradia

Proclamando no teu Atlântico Sul

A existência eternal de mais um dia

XXII

Casario que vive no Nascente

Na distância vislumbra-se um farol

Do Recife um luzeiro incandescente

Que se jacta nos raios do teu sol

XXIII

Vês que nessas arcadas dos barões

Habitou o senhorio exordial

Hoje mora em teus velhos Casarões

A memória da vida imperial

XXIV

Meu poema termino um tanto infindo

Para o amor que me invade e na alma aflora

Sob as águas do rio, terno e lindo!

Namorados se amam. Que viva a Aurora!

Recife, 30 de outubro de 2024

José Turflay Albuquerque
Enviado por José Turflay Albuquerque em 30/10/2024
Reeditado em 19/11/2024
Código do texto: T8185441
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