Seja correndo, devagar ou acelerado
Tempo é o que nós fazemos com ele.
Ele caminha, tranquilo, ao nosso lado,
Mas nós vivemos correndo atrás dele.
 
Ele é como um carro desgovernado,
Que um motorista procura controlar.
Por isso há quem só viva no passado,
Porque não sabe aonde pode chegar.
 
Mas para quem prefere o movimento,
E não faz questão de chegar na frente
Melhor seguir mesmo em ritmo lento;
- É o que chamamos viver no presente.
 
Mas também há doidos nessa estrada
Que gostam de viver afundando o pé.
Só o futuro é o seu ponto de chegada
Mesmo que não saibam aonde ele é.

Para quem sofre, é estrada sem atalho,
Porém, caminho curto para quem goza;
Para uns, tem a vida longa do carvalho,
Para outros, é efêmero como uma rosa.
 
Para mim, ele é uma linha imaginária,
Que só conduz do nada a lugar algum;
O que interessa é a experiência diária,
Ela é que diz, entre todos, quem é um.
 

Ele é longo demais para quem sofre,
Todavia, se encurta para quem goza;
Não se pode definir numa só estrofe
Porém, pode ser posto em uma glosa.
 
Cego, eu posso ver o mundo inteiro,
Parado, eu sou rápido como o vento;
O meu coração não busca paradeiro,
E minha alma nunca teve um centro.

Se o vento pode ir a qualquer lugar,
Minha mente pode varejar o mundo;
E aonde ele leva tempo para chegar,
Ela chega em menos de um segundo.

E o vento jamais vai soprar o tempo,
Que a mente transforma em saudade;
E o tempo jamais vai parar o vento,
Que nos atiça a fogueira da vaidade.