O sertanejo e a velha cacimba
Ao entardecer a beira da cacimba
Ele está de pé no chão rachado
As nuvens que correm no céu rajado
Dão cambalhotas como o boi bumba.
No fundo da cacimba só um palmo
De água barrenta, amarelada e salobra,
Não reflete o rosto enrugado e calmo
O pensamento a vagar e mágoas de sobra.
Agora escurece e o coaxar da jia
O faz sussurrar a uma breve oração
A Santa Bárbara, que lhe alivia
Nessas horas de grande aflição.
E macambúzio na boca da velha cacimba
Sente estremecer distante a trovoada
Com as nuvens no céu agora carregadas
Pra fazer transbordar a velha cacimba.
Fernando Alencar
03/10/2009 * do 6° livro