Amigo, cão, poesia

A cada dia aprendo a amá-la um pouco mais,

por todas as tantas que sempre recebo, as devolutivas.

A idade só me faz valorizá-la pelos tantos essenciais;

sim, refiro-me à vida, em seus caminhos e narrativas.

Deu-me a vida diferenciar entre conhecido, colega e amigo;

uma distinção incisiva para sobreviver por entre as relações.

Assemelha-se a um funil de contatos que preciso levar comigo

para saber quem é quem e evitar as permanentes ilusões.

Deu-me a vida aprender a viver com os seres da natureza,

aperceber-me das águas, das plantas e dos animais.

Do cachorro aprendi a admirar sua profundeza

a fidelidade e o amor incondicional, sem iguais.

Diante da impossibilidade de falar o que em mim se passava

deu-me a vida um dom de me expressar, todo, pela poesia.

Como afrouxar um sentimento, uma emoção que me engessava

foi o que se deu quando finalmente despertei da anestesia.

Ensinou-me a vida, muito mais ao longo das horas,

a priorizar minhas tantas descobertas e experiências.

Sem amigos eu sobreviveria, como sem amoras,

Sem poesia, apenas duraria; sem um cão, só nas pendências.

René Henrique Götz Licht
Enviado por René Henrique Götz Licht em 12/10/2022
Código do texto: T7625901
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