Amigo, cão, poesia
A cada dia aprendo a amá-la um pouco mais,
por todas as tantas que sempre recebo, as devolutivas.
A idade só me faz valorizá-la pelos tantos essenciais;
sim, refiro-me à vida, em seus caminhos e narrativas.
Deu-me a vida diferenciar entre conhecido, colega e amigo;
uma distinção incisiva para sobreviver por entre as relações.
Assemelha-se a um funil de contatos que preciso levar comigo
para saber quem é quem e evitar as permanentes ilusões.
Deu-me a vida aprender a viver com os seres da natureza,
aperceber-me das águas, das plantas e dos animais.
Do cachorro aprendi a admirar sua profundeza
a fidelidade e o amor incondicional, sem iguais.
Diante da impossibilidade de falar o que em mim se passava
deu-me a vida um dom de me expressar, todo, pela poesia.
Como afrouxar um sentimento, uma emoção que me engessava
foi o que se deu quando finalmente despertei da anestesia.
Ensinou-me a vida, muito mais ao longo das horas,
a priorizar minhas tantas descobertas e experiências.
Sem amigos eu sobreviveria, como sem amoras,
Sem poesia, apenas duraria; sem um cão, só nas pendências.