TROVAS SILENCIOSAS

MALDITO SISTEMA, SISTEMA MALDITO

Maldito sistema

Causando problema

É feito um dilema

Um drama em cinema.

Poder que nos mata

Pira e desacata

Nó que não desata

Quando o mal acata.

Só brutalidade

Trazendo maldade

Na sociedade

Que jura verdade.

Sistema maldito

Viver em atrito

Muito conflito

Eu solto meu grito.

FACES

Eu beijando sua face

O telhado acima me olha

Todo ele bem cuidado

O vestir todo se molha.

ANDO DEVAGAR

Ando devagar sem forças nos pés

Que vão cruzando a montanha das crenças

Quando penso vejo todas doenças

Estampada no rosto dos fiéis.

Não acredito que eu morra sem ter visto

Esse pôr do sol que é forasteiro

Faço meu símbolo de desordeiro

Que trai a pátria se dizendo ser Cristo.

Vou sucumbir os desejos do meu eu

E partir sem rumo, em busca de cura

Não vejo futuro e também bravura

Que se atrapalha desde que nasceu.

Minha doença é frágil bondade

Não me fará mal enquanto viver

Meu passado obscuro nunca quer ver

E vai percebendo a vida a maldade.

Vou devagar nas estradas vazias

Penso voltar quando estiver curado

Minha sina me deixa revoltado

Não volto para os braços das Marias.

A igreja que eu frequento se diz santa

Determina a minha própria atitude

Entrego na religião a saúde

E esse dízimo que apenas espanta.

A DOR DO AMOR

Não quero ser um poeta do amor

No amor não cabe toda minha dor

Não quero ser um poeta da dor

Nessa dor eu nunca encontro esse amor.

E esse amor sucumbe as dores

Distancia os dissabores

E nos preenche de amores

Criação livra os temores.

O amor é o resultado da dor

Que contrapõe o destino dos atores

Que interpretam a dor desses amores

Nesse palco da vida existe o amor.

A MULHER DO PORTO

A Mulher do Porto

Dandara do riso

Cabelos no vento

No seu movimento.

As luzes dos mares

Essa liberdade

O seu sentimento

Nesse sofrimento.

A Mulher do Porto

Seu viver sagrado

Velas que chegam

Segredo guardado.

CAIXA DE MARIBONDO

Bem plantado na pequena palmeira

A caixa de maribondo pousou

O seu dono parece não dormir

E certa feita pra mim ele olhou.

Com um sorriso eu lhe cumprimentei

Cheio de centena de um louco medo

Fui rapidamente me ausentar

E quis logo saber qual o segredo.

E naquela volta vi que eram dois

Numa espécie de grandes protetores

E novamente essa bondosa dupla

A chamei de meus ilustres amores.

Por que essa recaída, tão jeitosa

Se todos só queriam te ferrar?

Pelo contrário, o poder ferra mais

E os moradores eram do lugar.

E naquela folha muito frágil

Fiz sugestão para esse coletivo

Subir mais um pouco, além dessas folhas

E gostaram daquele corretivo.

Os maribondos ficaram sorrindo

Como a querer a minha companhia.

Eu, ali com medo, tremendo, pulei

Feito uma tanajura em agonia.

Todos os dias dou minha passada

E sinto os maribondos tão felizes.

A nossa vida tem cada coisa, heim?

Porque nós não passamos de aprendizes!

SOU FÃ DE SI E DE MIM MESMO

Sou fã de si e de mim mesmo

E sendo assim posso ser

Divisor de mim pro mundo

E do mundo com você.

Sou fã de si e de mim mesmo

Nesta vida sou prazer

Tenho liberdade sempre

Pra mim ouvir sem saber.

Sou fã de si e de mim mesmo

Porque sonhar é viver

Os mal resolvidos são

Aqueles que vão bater.

Sou fã de si e de mim mesmo

Porque me amo, podem ver

Mas, amo o tempo tão pouco

Que levo desde o nascer.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 14/07/2022
Reeditado em 15/07/2022
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