ESTAÇÃO DECÍDUA

Um afoito pincel nas folhas...

Sempre a fazer sua dura arte

Qual pintura que desfolha

Pelos tempos de saudade.

Chega o Outono descuidado

Descartando em varredura

As copas no campo arado

De suas tantas envergaduras.

Nunca quiseram ser flores

Sequer sabem o que é ser jardim

Balouçaram dentre as dores

Qual destino ocre- carmim.

Folhas idas no silêncio

Sépia tela em exposição!

Sobre o solo, ao relento

São horas de redenção.

Por seus veios ressecados

Já sem seiva a circular

Talvez tenham sido intactos

Seus amores a declarar...

Ao inverno tão pungente

De densa nevoa a lhes esfriar

Melhor foi ser folhas mortas

Do que vida a suplicar.