Declínios
Hoje as palavras não fazem sentido
Elas não fluem como de costume
Os dias estão tão ressequidos
Aturdidos por um sabor amargo amiúde
Hoje neste momento nada me basta
Visto-me de ultrajes e incertezas
Sinto-me presa, com voz embargada
Tudo que vejo causa-me estranheza
Sinto-me insana, sarcástica e até sorrio
Nas horas que escapam-me pelas mãos
No entrave nos passos, rumo ao declínio
Das lembranças desfeitas pela ilusão
Hoje habita em mim um dia nublado
Um frio atípico invade, estremece
Entorpecendo-me de sons calados
Uma estrangeira, a vagar em minha mente
Hoje nada importa, nem choro, nem riso
Nem o grito pode trazer alguma calmaria
Hoje nada preenche esses vazios
Nem letras, nem versos, nem rimas
Hoje das minhas angústias quero fugir
Esquecer por instantes de tudo
hoje não quero assistir meu mundo ruir
Hoje vou abstrair meus infortúnios
Sou prisioneira em minhas ausências
Andarilha nesse tempo que urge
Desfocada, exilada de minha essência
Evadindo meu ser inquieto, que insurge