AS MÃOS DA MINHA MÃE
As mãos da minha mãe
Coziam pequenos bolos de carne
Desenhados nas linhas da palma,
No vão dos dedos, em pura calma
Entre a mistura de seus temperos
Fazia-os sempre à mesma maneira:
Mil almôndegas modeladas
Em suas velhas mãos, enrugadas
E toda esta mistura errática
De carne, alho, óleo e sal
Resultava em festeira refeição
Com o desenho de sua mão.
Descobri, já em muita idade
Que as mãos da minha mãe
Modelaram não só minha fome
Na forma de seus bolinhos
Mais do que isso, saciava-me
O vazio do estômago
Afagava meu coração
Enchia, de amor, o meu âmago