SOPRE-ME
SOPRE-ME
Sopre-me, só num murmúrio,
como a voz mansa do vento;
o agora de teu viver espúrio,
que te sai como um lamento.
Sopre-me o teu sentir triste,
fluindo de tua tensa solidão;
a falta de luz que te consiste
o desamor no apático coração.
Sopre-me o teu viver infeliz,
que decerto te será transitório;
não se nutra do que te condiz
com o mau viver, em ti ilusório.
Sopre-me a tua vida em desalento,
pois te consolo o teu mau instante;
oferto-te agora o bom sentimento
que precisa, em teu viver edificante.
Adilson Fontoura