SOPRE-ME

SOPRE-ME

Sopre-me, só num murmúrio,

como a voz mansa do vento;

o agora de teu viver espúrio,

que te sai como um lamento.

Sopre-me o teu sentir triste,

fluindo de tua tensa solidão;

a falta de luz que te consiste

o desamor no apático coração.

Sopre-me o teu viver infeliz,

que decerto te será transitório;

não se nutra do que te condiz

com o mau viver, em ti ilusório.

Sopre-me a tua vida em desalento,

pois te consolo o teu mau instante;

oferto-te agora o bom sentimento

que precisa, em teu viver edificante.

Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 11/11/2020
Código do texto: T7109090
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