A história do poeta
Minha história
Corre tempo, tempo corre,
Mas deixa um espaço em branco,
Pra que eu possa ainda
Sentar-me naquele banco.
Naquele banco da praça,
minha história vou contar,
Mesmo não sendo a melhor,
Pode até agradar.
De menino em minha terra,
Vim para o Brasil morar,
Novo, aos quatorze anos,
Comecei a trabalhar.
Cedo enfrentei a vida,
Mas não deixei de gostar,
De dia trabalho útil,
A noite para estudar.
Apesar da vida dura,
Feliz por poder melhorar,
Sempre pronto para aprender,
Na chefia fui parar.
Essa época bem difícil,
Muitos sonhos a pensar,
Mesmo com esse entrave,
Não me custava sonhar.
Cheguei aos 17 anos,
Comecei a namorar,
Conheci minha paixão,
Os flertes resolvi deixar.
Tive muitas namoradas,
Até o dia que casei,
Conheci minha metade,
Que fez de mim o seu rei.
Vieram então os meus filhos,
Que alegrias me dão,
Já tem a própria família,
Dão-se bem como irmãos.
Já no campo profissional
Com maior experiência,
Alguns cursos pertinentes ,
Ajudaram-me na ascendência.
Aos 52 anos,
O Parkinson se instalou,
Pegou-me tão distraído,
Que a minha estrutura abalou.
Mas nem por isso parei,
Seria incoerente,
Pois os que me acompanham,
Me acham um cara decente.
Na intenção de escrever,
Como a doença assimilava,
Comecei a me empolgar,
Pela recepção encontrada.
Ainda inspirado na doença,
Resolvi nesse livro registrar,
Visando levar aqueles como eu,
Que não devem se entregar.
Logo em seguida vi que isso só não bastava,
Pois os linfomas chegaram,
Câncer no sistema linfático,
Mas também não me abalaram.
Por aqui eu vou parando,
Pois ao meu tempo cheguei,
Só Deus sabe bem ao certo,
Quantas historias contarei.
Fernando Amaro
15/06/20.