TODOS OS MEUS EUS.

Amor que nada pode,

Que tudo rouba,

Nada lhe escapa,

Tudo torna-se vago.

Beijos mofados,

Em boca sedenta,

Infinitamente deseja,

Não se aguenta.

Caminhemos tortuosamente,

Sempre confusos,

Indiferentes seguimos,

Na estrada solidão.

Deitei em berço esplêndido?

Berço de dores,

De choro e lágrimas, isso sim,

Nem te importantes.

Eu que tanto amei,

Com toda minha insanidade,

Com toda força,

E total desespero.

Façamos um trato,

Vozes que em mim habita,

Aquietai-vos vós que gritai,

Ficamos todos quietos.

Gritei minha dor e não ouvistes,

Gritei minhas lágrimas e não percebestes,

Cansei de tanto gritar,

Desperta tu que dormes.

Homem sem qualidades,

Sim senhores, tornei-me nisso,

Uma Folha seca ao vento,

Soprada sem direção.

Imploro que me escute,

Este meu seio ferido,

Esquecido de todos,

E de todos desprezado.

Jurei não mais amar,

O amor me feriu,

Me consumiu,

Nunca me deste atenção.

Lutei contra teus desejos,

Contra teus pensamentos,

Nem percebestes,

Agora todos nós sofremos.

Me precipitei algumas vezes,

Sim, eu confesso,

Ultrapassei alguns limites,

Peço-vós… Perdoai-me.

Não sei se posso lhe dar perdão,

Sou a voz feminina aqui,

Aquela que consideras fraca,

Como posso te perdoar?

Olhar entristecido este meu,

Sou a voz da sua razão,

Por ti ignorado,

Não sei se posso te perdoar.

Peço-vós pela última vez,

Vozes que em mim habita,

Perdoai-me, imploro-vos,

Afinal, todos somos um.

Que seja,

Poeta louca te tornaste,

Cheio de pensamentos vagos,

Tua vida é vazia.

Restou-me apenas o perdão,

Como poderei nega-lo,

Afinal, um somos todos,

Um pingo de tudo em um risco de nada.

Sempre confiei no coração,

Enganei-me como bem se percebe,

Na verdade,

Enganei a todos nós.

Tolice essa coisa de amar,

Por isso sou quem sou,

Sem venda nos olhos,

De coração sincero.

Ultimamente tenho refletido nisso,

Em como nos tornamos fracos,

Indecisos seria o termo correto,

Mas quem nunca foi?

Veja… Chegamos em um consenso,

Vozes que em mim habita,

Comemoremos todos juntos,

Vozes que em mim habita.

Walquíria me tornarei daqui por diante,

Bem sabes como sou,

De todas as tuas vozes,

Sou a que mais te preocupas.

Xingamentos, brigas…

No final nos amamos,

É sempre assim,

Nunca foi diferente.

Yin-Yang nos define bem,

Somos o caos dentro do equilíbrio,

O mal dentro do bem,

O bom dentro do ruim.

Zelo por todos nós,

Por cada voz poética,

Afinal,

São todos os meus eus.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 30/05/2020
Reeditado em 31/05/2020
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