São Paulo coroada
Eu tive o azar de ouvir São Paulo
Como nunca se viu, silenciada
Agora até pulsam as artérias de asfalto
Onde outrora transitar era quimera alada
Ah, São Paulo tão calma!
Por que não foste coroada com paz?
Este silêncio da cidade que não parava
Obriga-nos a um exílio que ensurdece ainda mais
Recorda-te daquela sorte pretérita?
Quando a tua pressa atraía forasteiros?
Agora, o presente retrata vidas histéricas
De quem clama por saúde e emprego
Autoconfinamento virou estilo de vida
Na cidade que não tem tal vocação
O mal invisível é sinônimo de agonia
Onde se iniciou a verticalizada prisão
Os apenados insistem num Messias
Não importa se é pastor de gados ou de ovelhas
Em meio ao caos da metrópole sem freguesias
Ele coroa São Paulo com morte às almas velhas
Por: Édrian Santos