Macambira Terra Garbosa
Macambira é terra distante,
Entre vales e montanhas;
É uma terra genial,
Que o rio Macambira banha.
Macambira é minha terra.
Nasci num pequeno arraial,
Saí de lá ainda menino,
Foi uma viagem especial.
É uma terra garbosa,
No inverno regato corre;
A vegetação logo floresce,
Tudo que se planta colhe;
Os campos ficam verdejantes,
Repletos de muitas flores;
É uma terra gloriosa,
E seu povo tem valores.
Quando as chuvas chegam,
O sertanejo faz a plantação;
Obtém frutos da terra,
Arroz, milho e feijão.
É uma terra de lendas:
O boi mandingueiro surgia;
Os vaqueiros corriam atrás,
E de repente ele desaparecia.
O caipora, ente mitológico,
Aparece e atrapalha caçadores,
Dava surra nos cachorros;
Quinta à noite trazia horrores.
Deixava os cachorros atontados,
Dava-lhes surras de cipó;
Cachorros iam atrás da caça,
O caipora batia sem dó.
No olho do Pajé,
A terra em volta estremece,
Se as pedras se soltarem,
A cidade de Poranga padece.
A cama da baleia
Fica embaixo do altar.
Se as pedras se separarem,
A cidade desaparecerá.
O vaqueiro experiente
Atrás do boi correu.
Passando no olho D’água,
Ele então ali desapareceu.
O lobisomem lenda representa,
Pelos caminhos ele vagueia,
Exalando um cheiro forte,
Em noites de lua cheia.
Eu nasci na Macambira,
Noutro local me criei;
Todo ano volto àquela terra,
Para visitar quem lá deixei.
Agora venho pedir licença
Para meus versos findar.
Vivo em terra distante,
Mas sempre vou retornar.
A terra em que se nasce
É memória não se esquece;
Se lá eu não voltar,
O meu corpo padece.