Macambira Terra Garbosa

Macambira é terra distante,

Entre vales e montanhas;

É uma terra genial,

Que o rio Macambira banha.

Macambira é minha terra.

Nasci num pequeno arraial,

Saí de lá ainda menino,

Foi uma viagem especial.

É uma terra garbosa,

No inverno regato corre;

A vegetação logo floresce,

Tudo que se planta colhe;

Os campos ficam verdejantes,

Repletos de muitas flores;

É uma terra gloriosa,

E seu povo tem valores.

Quando as chuvas chegam,

O sertanejo faz a plantação;

Obtém frutos da terra,

Arroz, milho e feijão.

É uma terra de lendas:

O boi mandingueiro surgia;

Os vaqueiros corriam atrás,

E de repente ele desaparecia.

O caipora, ente mitológico,

Aparece e atrapalha caçadores,

Dava surra nos cachorros;

Quinta à noite trazia horrores.

Deixava os cachorros atontados,

Dava-lhes surras de cipó;

Cachorros iam atrás da caça,

O caipora batia sem dó.

No olho do Pajé,

A terra em volta estremece,

Se as pedras se soltarem,

A cidade de Poranga padece.

A cama da baleia

Fica embaixo do altar.

Se as pedras se separarem,

A cidade desaparecerá.

O vaqueiro experiente

Atrás do boi correu.

Passando no olho D’água,

Ele então ali desapareceu.

O lobisomem lenda representa,

Pelos caminhos ele vagueia,

Exalando um cheiro forte,

Em noites de lua cheia.

Eu nasci na Macambira,

Noutro local me criei;

Todo ano volto àquela terra,

Para visitar quem lá deixei.

Agora venho pedir licença

Para meus versos findar.

Vivo em terra distante,

Mas sempre vou retornar.

A terra em que se nasce

É memória não se esquece;

Se lá eu não voltar,

O meu corpo padece.

Expedito Carreiro
Enviado por Expedito Carreiro em 07/04/2020
Código do texto: T6909248
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