Central Bacana
Central Bacana
- Toca Raul!
Evolui a noção do um,
a Terra parou para sempre
e todos desceram na estação
das brumas do outono verdejante.
O calor de abano da paquera
é o tempero da brasa infinita
de galopadas fumaças e risos
largos das pegadas cavalgadas.
O sonho ideal conecta a realidade
quem encontra pela frente
a infinita ordem cotidiana
viajantes ainda sem nome.
Quem vive procurando dorme
no escuro se achando a luz
do horizonte que desperta
e o sentido torna primavera.
Um tem algo aceso, outro
gira baganas escuras,
defuma a leva de liberdade
os altos da parada da glória.
Da janela odor de alívio
ao vento varrendo a área,
o hálito de fumo coração
viciado revive o prado.
O quente sobe um frio
que aquece o morno
ferve o chão de estrelas
o frio suaviza a malha surrada
mas a gelada é a porta de entrada.
Doce lembrança viva do um,
lá ninguém pensa na volta
a retirada a prazo da natuta,
pilar de todos os dias na labuta.
Ao longe a estátua perfeita do sol
alumia o pensamento único do dia,
da semana, o olhar de uma vida inteira
com um aceso de testemunha do todo.
Dorme nas tetas animais
estudantes, viaja nos galhos de metal
o cabra no tempo da cabra
da grama molhada e a criança
da bala abrindo caminho.
Conversa todo destino e gosto,
todos os ritmos no balanço do trem
bala, na cadência dos bondes trilha
de pedras picos e antros montanhosos.
Entre as quedas da selva de pedra
roça rústico pé de passagem
do melaço jambo tronco das raças
criando terra no balanço das curvas.
A composição lustrada desliza direto
no núcleo de baldeação das linhas aleatórias,
dando sempre no mesmo lugar
qualquer que seja o ponto final.
Em meio a todo cenário gritando cor,
a rocha rock das invernadas empedra
a roda das transformações no palco
do dia que é noite.
Nasce o dia mais estrelado do dia
em que a Terra parou,
um desconhecido apaixonou a cobradora
que liberou para sempre a catraca.
Todos sempre sem tempo
agora rumo à Parada Pinto
espirram na Boceta Grande
ponto de partida viandante.
Inflam vorazes as rugas
das reentrâncias alisando
a pele de passagem dos povos,
a viagem acomoda a mente
na série de memória
que se refaz pelos flancos.
Os pés no trilho da Paixão
levita o espírito da massa,
o doce barato é o Paraíso
no embarque do Terminal Central.
11/2004