Um orgulhoso, se precisa, não pede;
O caloteiro, quando deve, não paga.
O edifício sem estrutura sempre cede,
E o alimento não consumido estraga.
 
O músculo que não é acionado, atrofia, 
A bateria que não é ligada descarrega,
O covarde, quando exigido, renuncia,
O homem que nunca busca só entrega.
 
Coração que muito bate um dia apanha,
Quem vive comprimido um dia estica,
Todo choro sem motivo é pura manha
Aquele que só quer ir é que sempre fica.
 
Quem vive descansado um dia cansa,
A saudade quando é triste é nostalgia,
Quem nunca vai ao baile um dia dança,
Quem não serve para esposa acaba tia.
 
O verdadeiro amor deixa o homem forte,
A paixão, se for demais, nos deixa tontos;
Quem só olha para o sul não vê o norte,
Quem não joga para valer não faz pontos.
 
O ciúme, quando demais, sufoca o amor
E o amor que é sufocado um dia acaba.
Nenhum atrito gera luz, mas só calor,
Vela acesa contra o vento sempre apaga.
 
Quem anda muito devagar é indolente,
Mas quem vive só correndo é apressado. 
Se o segundo sempre come cru e quente,
O primeiro pode comer frio e queimado.